"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A DISSOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

Solução ética, mesmo, seria a dissolução do Conselho de Ética da Câmara. Depois de seis adiamentos, troca de relator, manobras variadas para poupar o presidente Eduardo Cunha, só faltava, mesmo, uma cena de pugilato entre dois deputados. No caso, José Geraldo, do PT do Pará, contrário a Cunha, e Wellington Roberto , do PR da Paraíba, defensor de Cunha. No final da baixaria, nada de novo. Ontem de manhã, pela sexta vez, o Conselho de Ética permaneceu em branco, sem votar sequer a admissibilidade de processo contra o presidente da Câmara por quebra do decoro parlamentar, empurrada para o próximo ano.

Da ética, essas reuniões passaram longe, aliás, muito semelhantes às que o plenário da Câmara vem realizando, plenas de manobras, lambanças e, também, troca de socos. Tudo acontecendo em volta da mesma figura mefistofélica de Eduardo Cunha, que até agora não perdeu nenhum entrevero e permanece no exercício de suas funções, com seus pezinhos de cabra movimentando-se em todas as direções.

Fosse realizado um plebiscito para saber se a população aprovaria a dissolução do Conselho de Ética e do Congresso, fatalmente a imensa maioria digitaria favoravelmente.

Nem o Executivo escaparia, pois na noite de quarta-feira, num jantar de congraçamento natalino na casa do senador Eunício Oliveira, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, arremessou um copo de vinho na careca do senador José Serra.

Convenhamos, permanece valendo a máxima de que, no Brasil, o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera. Vale aguardar o que nos reserva o dia de hoje, apesar de tratar-se de uma sexta-feira, quando Suas Excelências escafedem-se para seus estados.

Por mais triste que seja, o país vai chegando à conclusão de necessitar de ampla, geral e irrestrita limpeza. As instituições encontram-se em frangalhos, a economia mergulhou nas profundezas e poucos escapam da condenação. A dissolução só não se tornaria um anseio comum pela certeza de que a alternativa seria pior. Até porque as investigações sobre a corrupção aproximam-se de seu ponto de ebulição, chegando à família do ex-presidente Lula. A presidente Dilma perde votos diante de uma hipotética manifestação pelo impeachment, que algum dia virá.

Em suma, vale corrigir a primeira afirmação lá de cima: não seria melhor dissolver tudo e começar de novo?



11 de dezembro de 2015
diário do poder

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