"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

PMDB DIVIDIDO DÁ UM TIRO NO PÉ AO REFORÇAR APOIO A DILMA

Brasília - O PMDB deu um tiro no pé ao reunir seus principais caciques em um congresso realizado na terça-feira no Hotel Nacional em Brasília. Se era para tirar uma proposta de apoio a Dilma não precisava juntar um monte de políticos e alguns militantes numa reunião que só serviu para deixar o partido mais submisso a esse governo desastrado e incompetente. Michel Temer, a estrela do encontro, fez um discurso professoral, chato e sem ânimo para quem esperava encorajar os peemedebistas a uma decisão de independência. Frustrou as mais de 300 pessoas que lotaram o auditório e decepcionou o povo brasileiro que esperava mais autonomia do seu principal partido.

O vice-presidente mostrava-se incomodado durante a reunião certamente afetado pela revista Veja que o estampava na capa, no fim de semana, como um conspirador, que se preparava para assumir o governo com a provável queda da Dilma. Foi nesse clima tenso que Michel se apresentou aos seus convidados para, mais uma vez, reafirmar o apoio do partido que preside ao governo da Dilma e ao PT. Quem assistiu ao seu discurso deixou o auditório do hotel desanimado e resmungando. Considerou-se enganado diante de um encontro estrategicamente desastroso e inoportuno para o momento quando se sabe que as portas do Planalto foram fechadas para o vice Michel Temer.

Acostumado às boas costuras políticas, cacique do PMDB há muito tempo, duas vezes presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer as vezes está agindo como político ingênuo ou inapto. Não faz muito tempo entregou-se de corpo e alma ao governo, quando vislumbrou a possibilidade de preencher os cargos de primeiro e segundo escalões do país. Foi defenestrado por Aloizio Mercadante, ex-ministro do Gabinete Civil, que limitou seus espaços dentro do Palácio do Planalto. Deixou a equipe reclamando do boicote que sofreu, enquanto a Dilma reclamava de suas declarações de que o Brasil precisava encontrar alguém para dar um rumo ao país.

O incentivo para que coordenasse o departamento de pessoal do Planalto foi do próprio Lula que precisava de um político com credenciais para desafiar Aloizio Mercadante, a quem ele detesta. Ao ser jogado na fogueira das vaidades, Michel viu o Lula escapulir de fininho depois de bagunçar o gabinete da Dilma retirando de lá de dentro, quase à força, Mercadante que pulou para o Ministério da Educação mas não perde a oportunidade do papel de papagaio de pirata da Dilma.

Agora, Michel Temer vive o dilema de ser tachado de conspirador. É o único político que conspira a céu aberto. Constrangido, vive o dilema da quebra de confiança. A Dilma já não confia no seu vice e não tem mais respeito por ele, porque sabe que Michel articula a sua queda. Ora, se é para derrubar a presidente o caminho seria tirar o apoio do PMDB ao seu governo, como querem alguns caciques. Ocorre que o partido está infiltrado de fisiológicos que estão agarrados a cargos como carrapatos. Foi para manter essa turma no poder que o congresso serviu. E o Michel, um político experiente, mais uma vez foi levado por alguns amigos espertos que deixaram o auditório com a certeza de que vão emplacar 2016 ainda empregados com a ratificação do partido de se manter ao lado da Dilma.

O PMDB está com dificuldade para se locomover dentro do governo, mesmo infiltrado em vários ministérios e no segundo escalão. Falta ao partido competência para se apresentar ao país como uma alternativa de poder. Seus líderes estão apáticos diante da crise que corrói a economia, desemprega o brasileiro e o sacrifica com uma inflação que já alcança os dois dígitos. O vice, diante dessas águias peemedebistas, está virando joguete. Cada vez que tenta liderar um partido tão heterogêneo como o PMDB, a turma que joga dos dois lados questiona a sua autoridade e divide as ações políticas dentro do partido. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Diante disso, Michel deve se encolher e esperar o momento oportuno para o desafio de governar o país, isso se até lá o TSE não cassar a Dilma e levá-lo junto.



19 de novembro de 2015
Jorge Oliveira

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