"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O ISLÃ E O TERROR

Quando do atentado ao Charles Hebdo, (em janeiro de 2015, em Paris, agora novamente vilmente atacada), escrevi artigo com este título. A situação pouco mudou, a não ser na intensidade e extensão da violência praticada, que aumentou.

Dizia então que os pronunciamentos contrários aos atos terroristas, por parte das autoridades religiosas muçulmanas eram muito raras, esporádicas e fracas em intensidade, tendo em vista a extrema brutalidade dos atentados. Certamente não se pode confundir o Islã com o terror – seria uma grande injustiça. Mas se pode esperar manifestações de repudio, severas, por parte dos líderes das comunidades muçulmanas, em todo o mundo. Isto não está acontecendo na expressão publica esperada. Isto é uma exigência de bilhões de cristãos, budistas, xintoístas, religiões hindus e todas as demais. Não queremos, a cada dia, dormir preocupados com o vizinho muçulmano.

Aguardando uma veemente manifestação, urgente, por parte dos crentes muçulmanos, seus lideres religiosos e políticos, imãs, mulás, reis e presidentes, condenando o que aconteceu, acrescento mais uma reflexão: - o mundo que criamos é e será, por muito tempo, uma organização social violenta. Se quisermos sobreviver e manter os valores da civilização ocidental, hoje predominante em todo o planeta, vamos ter de combater.

Certamente sangue será derramado, pessoas morrerão, pois não há como lidar com terroristas fanáticos sem aprisioná-los e julgá-los segundo as leis do nosso ambiente cultural, que está sendo violentamente agredido. Se esses bandidos resistirem a prisão - como expressão de nossa legítima defesa - deverão ser eliminados, pois não podemos correr mais riscos de perda de vidas preciosas. Nossos tempos exigem definições e posições políticas claras onde a demagogia e a covardia não têm mais vez, pois o diálogo, que deve ser sempre tentado, tem pouca ou nenhuma chance de prosperar com bandos de celerados ignorantes, que querem matar para atemorizar e impor suas primitivas idéias.

Preparemo-nos para a confrontação que exige, como primeira medida, a rápida integração dos sistemas de informação dos países, quase todos ameaçados pelos tresloucados terroristas do Estado Islâmico. É de se ter bem presente que só bombardeios aéreos não resolverão a questão – o território do auto proclamado “califado” terá de ser invadido e ocupado com a eliminação dos fanáticos que o constituem, como foi feito em 1945 com os nazistas. Num momento em que a humanidade e seus valores estão sob real ameaça, a evocação de pensamentos superficiais como os do “politicamente correto”, que bem justificam a irresponsabilidade demagógica e a covardia, devem ser rechaçadas com veemência.

O sonho de um Planeta Terra prosperando na integração dos povos sob o império da paz, da liberdade num ambiente democrático e justo, pelo que tanto lutamos no passado e começáramos apenas a vislumbrar a possibilidade de que esses valores vicejassem plenamente no futuro, agora está ameaçado pela barbárie dos terroristas, falsos muçulmanos. Nós, democratas, não permitiremos que esta ameaça prospere.

Je suis Charlie, assim finalizava meu artigo do mês de fevereiro. Agora acrescento, com emoção, et aussi PARIS.


19 de novembro de 2015
Eurico Borba, 75, aposentado, escritor, ex professor e ex Vice Reitor da PUC Rio, ex Presidente do IBGE

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