O que deu em Michel Temer, vice-presidente da República e presidente do PMDB?
Sempre tão cuidadoso com o que faz e diz, ele, ontem, foi além do limite da irresponsabilidade.
Com isso, a crise política, também impulsionada pela crise econômica, escalou mais alguns degraus.
Onde Temer estava com a cabeça quando aceitou o convite de uma socialite paulista para debater com empresários que se opõem ao governo do qual ele faz parte e tem a obrigação de defender?
O que ele disse, espontaneamente ou provocado por perguntas, não foi nada que lhe escapou sem querer.
Não é do feitio dele falar sem ter avaliado antes os efeitos do que diria.
Em resumo, Temer disse que Dilma não resistirá a mais de três anos e poucos meses de mandato com popularidade tão baixa.
Oito em cada 10 brasileiros, de fato, reprovam o desempenho de Dilma.
A presidente não resistirá como? Renunciará ao mandato? – perguntaram ao vice. Que respondeu:
- Ela é guerreira. Não me parece que ela seja, digamos, renunciante.
E em seguida acrescentou: “É preciso melhorar o que está aí”.
Ora Temer dizia coisas incômodas para Dilma, ora amenizava o que havia dito.
Por exemplo: ele disse acreditar que as medidas adotadas pelo governo tendem a melhorar a situação do país em meados do ano que vem. Para completar:
- Hoje, realmente, o índice [de aprovação do governo] é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. (...) Se continuar assim, eu vou dizer a você, 7%, 8% de popularidade, de fato, fica difícil.
Temer não deixou pergunta sem resposta. E se o Tribunal Superior Eleitoral cassar a chapa de Dilma com base em denúncias de abuso de poder econômico e político?
- Se a chapa for cassada eu vou para casa feliz. Ela vai para casa... Não sei se feliz.
Só houve uma ocasião em que Temer se irritou. Foi quando alguém perguntou como ele gostaria de entrar para a história: “Estadista ou oportunista?”
Temer garantiu que “não move uma palha” para prejudicar Dilma.
Não prejudicou com tudo o que disse ontem?
Um vice não pode dizer certas coisas sob pena de ser acusado de conspirar contra o titular do cargo. Não pode.
Temer não disse certas coisas. Disse muitas. Quase tudo o que disse foi em desfavor de Dilma.
De tão fraca que está, Dilma não romperá com Temer. Mas a relação dos dois, que nunca foi boa, doravante passará a ser meramente protocolar.
04 de setembro de 2015
Ricardo Noblat
Sempre tão cuidadoso com o que faz e diz, ele, ontem, foi além do limite da irresponsabilidade.
Com isso, a crise política, também impulsionada pela crise econômica, escalou mais alguns degraus.
Onde Temer estava com a cabeça quando aceitou o convite de uma socialite paulista para debater com empresários que se opõem ao governo do qual ele faz parte e tem a obrigação de defender?
O que ele disse, espontaneamente ou provocado por perguntas, não foi nada que lhe escapou sem querer.
Não é do feitio dele falar sem ter avaliado antes os efeitos do que diria.
Em resumo, Temer disse que Dilma não resistirá a mais de três anos e poucos meses de mandato com popularidade tão baixa.
Oito em cada 10 brasileiros, de fato, reprovam o desempenho de Dilma.
A presidente não resistirá como? Renunciará ao mandato? – perguntaram ao vice. Que respondeu:
- Ela é guerreira. Não me parece que ela seja, digamos, renunciante.
E em seguida acrescentou: “É preciso melhorar o que está aí”.
Ora Temer dizia coisas incômodas para Dilma, ora amenizava o que havia dito.
Por exemplo: ele disse acreditar que as medidas adotadas pelo governo tendem a melhorar a situação do país em meados do ano que vem. Para completar:
- Hoje, realmente, o índice [de aprovação do governo] é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. (...) Se continuar assim, eu vou dizer a você, 7%, 8% de popularidade, de fato, fica difícil.
Temer não deixou pergunta sem resposta. E se o Tribunal Superior Eleitoral cassar a chapa de Dilma com base em denúncias de abuso de poder econômico e político?
- Se a chapa for cassada eu vou para casa feliz. Ela vai para casa... Não sei se feliz.
Só houve uma ocasião em que Temer se irritou. Foi quando alguém perguntou como ele gostaria de entrar para a história: “Estadista ou oportunista?”
Temer garantiu que “não move uma palha” para prejudicar Dilma.
Não prejudicou com tudo o que disse ontem?
Um vice não pode dizer certas coisas sob pena de ser acusado de conspirar contra o titular do cargo. Não pode.
Temer não disse certas coisas. Disse muitas. Quase tudo o que disse foi em desfavor de Dilma.
De tão fraca que está, Dilma não romperá com Temer. Mas a relação dos dois, que nunca foi boa, doravante passará a ser meramente protocolar.
04 de setembro de 2015
Ricardo Noblat
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