"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

"AUMENTOU MUITO A CHANCE DE PERDER GRAU DE INVESTIMENTO"

A PERDA DO GRAU DE INVESTIMENTO ESTÁ JÁ NOS PREÇOS NO MERCADO

'A GENTE TEM QUE CAMINHAR PARA UM CENÁRIO DE MENOS AMBIGUIDADE E MAIS CLAREZA NAS DIRETRIZES DA POLÍTICA ECONÔMICA', DISSE MARCELO CARVALHO (FOTO: LULA MARQUES/AG. PT)


Aumentou muito a probabilidade de o Brasil perder o grau de investimento junto às agências de classificação de risco, movimento que já está no preço dos credit default swaps (CDSs) do Brasil, na visão do economista-chefe para a América Latina do banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho.

"Aumentou muito a probabilidade de perder o grau de investimento. É claro que a piora, de um lado, da perspectiva de crescimento e, de outro lado, da perspectiva fiscal, se traduz numa dinâmica de dívida pior. Isso é uma variável-chave para a determinação da nota de risco", afirmou Carvalho ao Estado, após dar palestra promovida pela Câmara de Comércio França-Brasil do Rio.

Segundo o economista, a perda do grau de investimento está já nos preços no mercado de CDS. "A gente está pagando um spread de mais de 300 pontos básicos, que parece mais consistente com uma nota BB do que BBB", afirmou Carvalho.

Política fiscal. Para Carvalho, há uma "certa ambiguidade" em relação às metas de superávit fiscal primário e, por isso, o governo precisa dar mais clareza às diretrizes da política econômica. "É importante o fortalecimento do discurso em relação a metas claras, de qual é a política econômica, por exemplo, em relação à questão fiscal para o próximo ano. A meta ainda é mantida em 0,7% ou não? Ou, de fato, estamos falando de um déficit? Se de fato estamos buscando superávit, como a gente vai chegar lá?", questionou Carvalho.

Segundo Carvalho, o envio do Orçamento de 2016 ao Congresso com previsão de déficit primário aumentou a ambiguidade. "Há uma certa ambiguidade, sim. De um lado o orçamento prevê um déficit para o ano que vem, de outro lado há sinalizações no sentido de que o governo estaria buscando números melhores", afirmou o economista.

Na palestra, Carvalho elogiou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao destacar seu currículo como "quase perfeito", mas evitou ressaltar a importância de sua permanência no cargo, como fiador da política econômica. "A gente tem que caminhar para um cenário de menos ambiguidade e mais clareza nas diretrizes da política econômica. Mais do que o nome específico, o importante é qual a sinalização que a gente está tendo", disse.

Perguntado se a atuação do Congresso na crise política contribui para aumentar a ambiguidade da política econômica, Carvalho destacou a importância de haver um "esforço conjunto". "O problema no Congresso é que a gente tem esse ambiente político de incerteza. Obviamente, o contexto das investigações da Lava Jato cria esse ambiente que não tem sido muito propício à aprovação de medidas no lado fiscal. Agora, para a gente chegar lá, ter de fato políticas fiscais melhores, só pode ser um esforço conjunto". (AE)



04 de setembro de 2015
diário do poder

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