O jornal português “Correio da Manhã” publicou uma reportagem em que afirma que presidente Lula (PT) teria convencido o ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates a autorizar a compra de 23% da brasileira Oi pela Portugal Telecom por € 3,7 bilhões. A transação está sendo investigada pelo Ministério Público de Portugal por suspeita de irregularidades. O jornal lusitano explorou o assunto após a revista “Veja” ter publicado uma reportagem sobre a relação entre escândalos no Brasil e em Portugal semelhantes à operação Lava Jato e envolvendo empresas dos dois países.
O jornal português aponta que José Sócrates, que comandou o país de 2005 a 2011, era contra a venda de 50% da Vivo – que pertencia à Portugal Telecom – à espanhola Telefônica. No entanto, ao visitar o Brasil em maio 2010, Sócrates teria mudado de ideia após encontro com o então presidente Lula.
Em julho do mesmo ano, a Portugal Telecom vendeu 50% da Vivo por € 7,5 bilhões e adquiriu 23% da Oi por € 3,7 bilhões (cerca de R$ 8,5 bilhões pelo câmbio da época). A transação despertou a atenção da Procuradoria Geral da República portuguesa por suspeitas de pagamento de propina a políticos brasileiros e portugueses para viabilizar o negócio.
ANDRADE GUTIERREZ
Um dos envolvidos seria o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. A construtora brasileira é acionista da Oi. Azevedo foi preso e denunciado pela Procuradoria Geral da República brasileira por participação no escândalo da Lava Jato.
Atualmente, José Sócrates está em prisão domiciliar. Ele é acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção. O político português foi um dos alvos da operação Marquês, comandada pelo Ministério Público de Portugal. A apuração apontou que empresas e políticos portugueses agiram em conluio para vencer certames de obras públicas mediante pagamento de propinas. O Grupo Lena, que recebeu cerca de € 200 milhões por obras durante a gestão de Sócrates, chegou a constituir consórcios em Portugal com a Odebrecht, outra empresa alvo da Lava Jato .
LULA EM SILÊNCIO
O Instituto Lula não quis comentar as reportagem do jornal português. O Ministério Público português também se negou a dar detalhes e disse que a investigação “está sob segredo de Justiça”.
O deputado federal e presidente do PSDB de Minas, Domingos Sávio, entende que a repercussão do jornal “Correio da Manhã”, de Portugal, “é mais do que um indício, mas sim prova do tráfico de influência de Lula”.
Ele cobrou uma explicação pública do petista. “Lula não está acima da lei, porque isso destrói as bases da democracia. Nas democracias mais avançadas, até presidentes em exercício foram punidos. Lula tem que responder ao povo brasileiro sobre estas acusações.”
20 de setembro de 2015
Deu em O Tempo
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