Não dá para entender a conclusão atribuída a lideranças mais antigas do PT, sobre a presidente Dilma renunciar caso o pacote fiscal venha a ser rejeitado pelo Congresso. Primeiro, porque faz parte do jogo democrático um governo ter suas propostas vencidas ou perdidas no Legislativo. Depois porque o tal pacote é tão ruim que cheira mal, isto é, desde que anunciado vem sendo rejeitado por deputados e senadores, independente dos partidos.
Acresce só existir uma hipótese para a renúncia de Madame: a iminência da decretação de seu impeachment, depois de condenada pela Câmara dos Deputados e na véspera de ser iniciado seu julgamento pelo Senado. Foi o que aconteceu com Fernando Collor. Saltar de banda antes da hora a presidente jamais fará, tanto por seu temperamento soberbo e orgulhoso quanto pela falta de certeza de sua defenestração futura.
Numa palavra, é preciso pesquisar os motivos de que parte dos companheiros se antecipam e já sugerem, mesmo protegidos pelo anonimato, a retirada daquela que deveria liderá-los. Sem falar no rombo que uma renúncia causaria à candidatura do Lula, última esperança bem nascida da salvação do trono.
ERROS DEMAIS
Erros sobre erros têm sido cometidos pela cúpula do PT, talvez o primeiro deles a aceitação de Dilma como candidata tirada do bolso do colete do Lula. Depois, a insistência dela candidatar-se à reeleição, quando poderia ter-se retirado com certa honra e alguma glória, uma vez terminado o primeiro mandato. Bem que sua empáfia poderia ter cedido à natureza das coisas, que seria o retorno do antecessor nas eleições de 2014. Agora, desmancha-se o castelo de cartas, com a colaboração de muita gente que se declarava dilmista desde criancinha, até rejeitando o primeiro-companheiro.
Há quem ainda acredite que o PT poderá salvar-se do incêndio caso receba do PMDB o apoio necessário, não para evitar a rejeição do pacote, mas, ao menos, para barrar o impeachment. Não será através dos apelos dramáticos do Lula ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aquele que guarda ressentimentos na geladeira. Mesmo assim, a cavalaria dos senadores de Renan Calheiros poderá vir em socorro da sitiada e débil caravana que um dia imaginou chegar à conquista do Oeste.
Em suma, as próximas semanas serão cruciais, menos para a sorte de Madame, mais pela possibilidade de o país mergulhar com ela nas profundezas da crise econômica.
20 de setembro de 2015
Carlos Chagas
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