"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

SE (COM O BENEPLÁCITO DE RUDYARD KIPLING)

Se o Brasil fosse uma terra com honra, grandeza e altivez, não estaríamos na beira do precipício.

Se a Nação fosse honesta, justa e gloriosa, não sobreviveríamos, como agora, no caos.

Se o Pavilhão Nacional fosse honrado pelo seu povo, estaria flanando nos céus da Pátria como símbolo da dignidade nacional.

Se o povo brasileiro fosse altaneiro, garboso e nacionalista, não estaríamos enfiados na lama em que mergulharam os nossos pés e o nosso chão.

Se o Brasil não fosse a terra da corrupção, das maracutaias e da desonra, os seus políticos estariam nas profundezas das prisões.

Se os nossos magistrados pautassem suas vidas e seus propósitos em punir os salafrários e enganadores da fé pública, seríamos reconhecidos como povo democrata e cristão.


Se tivéssemos representantes dignos, cidadãos dedicados ao serviço do Povo e da Nação, seríamos um dos países de maior projeção no cenário internacional.

Se expulsássemos de nossas vidas, o conchavo, o golpe, a impunidade e a injustiça, seríamos um povo probo e admirado.

Se tivéssemos como ponto de honra, a responsabilidade, a correção de atitudes e de pensamentos, seríamos um povo querido e respeitado.

Se
tivéssemos a coragem de enxotar de nossas plagas, os canalhas que maculam os nossos três poderes, não estaríamos como agora, numa imundície moral, política e econômica.

Se o nosso povo fosse unido, temente aos malefícios com que desclassificados nos fazem inertes, submissos e acovardados, todos se ufanariam de ser patriotas.

Se fôssemos mais brasileiros, mais severos, menos coniventes com as inúmeras e multiplicadas patifarias que indivíduos, políticos e canalhas nos maculam, seríamos uma potência respeitada por nossas qualidades.

Se expurgássemos a desastrosa e incompetente inútil que nos desqualificou como Povo e faliu como Nação, estaríamos no rumo de um Brasil melhor.

Se realizássemos uma faxina moral em nosso Congresso, chutaríamos o traseiro de Renan e do Cunha, e de tantos, que o melhor seria tacar fogo naquele prostíbulo, na esperança de que outros marginais temessem representar os nacionais sem terem tal dignidade.

Se respeitássemos e cultuássemos os nossos verdadeiros heróis, teríamos tradições a serem preservadas, o que engrandeceria os nossos cidadãos e a querida Pátria.

Se tivéssemos cidadãos probos, nacionalistas e corajosos ao clamor deles o povo, com os punhos cerrados pela indignação, pelo que foi vilipendiado, roubado e expulsaria os canalhas para o quinto dos infernos.

Se a dignidade, a honra, a honestidade e a verdade brotassem na mente dos nacionais e que os valores mais nobres ressurgissem em seus corações, nele ressurgiria o impávido e impoluto patriota.

Se o novo homem brasileiro conseguir preencher cada minuto dando valor a todos os segundos que passam.

Se ele expurgar a malicia, a impunidade e cultivar a verdade, o Brasil será a sua Terra e tudo o que nela existe e, mais ainda, todos seremos verdadeiros cidadãos!


20 de agosto de 2015
Valmir Fonseca Azevedo Pereira

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Complementando o texto que faz uma paródia (não tão cômica, porque tem a face trágica do sofrimento que provoca no povo) do poema de Rudyard Kipling, acrescentaria:

"SE ÉS CAPAZ DE MANTER A CALMA QUANDO TODOS AO REDOR DE TI JÁ A PERDERAM..."
(...)
"ENTÃO, MEU FILHO, ÉS UM FROUXO!"

Ao poema do Kipling, prefiro o nosso Gregório de Matos...


Que falta nesta cidade?… Verdade.Que mais por sua desonra?… Honra.Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.O demo a viver se exponha,Por mais que a fama a exalta,Numa cidade onde faltaVerdade, honra, vergonha.Quem a pôs neste rocrócio?… Negócio.Quem causa tal perdição?… Ambição.E no meio desta loucura?… Usura.Notável desaventuraDe um povo néscio e sandeu,Que não sabe que perdeuNegócio, ambição, usura.Quais são seus doces objetos?… Pretos.Tem outros bens mais maciços?… Mestiços.Quais destes lhe são mais gratos?… Mulatos.Dou ao Demo os insensatos,Dou ao Demo o povo asnal,Que estima por cabedal,Pretos, mestiços, mulatos.Quem faz os círios mesquinhos?… Meirinhos.Quem faz as farinhas tardas?… Guardas.Quem as tem nos aposentos?… Sargentos.Os círios lá vem aos centos, E a terra fica esfaimando,Porque os vão atravessandoMeirinhos, guardas, sargentos.E que justiça a resguarda?… Bastarda.É grátis distribuída?… Vendida.Que tem, que a todos assusta?… Injusta.Valha-nos Deus, o que custaO que El-Rei nos dá de graça.Que anda a Justiça na praçaBastarda, vendida, injusta.Que vai pela clerezia?… Simonia.E pelos membros da Igreja?… Inveja.Cuidei que mais se lhe punha?… UnhaSazonada caramunha,Enfim, que na Santa SéO que mais se pratica éSimonia, inveja e unha.E nos frades há manqueiras?… Freiras.Em que ocupam os serões?… Sermões.Não se ocupam em disputas?… Putas.Com palavras dissolutasMe concluo na verdade,Que as lidas todas de um fradeSão freiras, sermões e putas.O açúcar já acabou?… Baixou.E o dinheiro se extinguiu?… Subiu.Logo já convalesceu?… Morreu.À Bahia aconteceuO que a um doente acontece:Cai na cama, e o mal cresce,Baixou, subiu, morreu.A Câmara não acode?… Não pode.Pois não tem todo o poder?… Não quer.É que o Governo a convence?… Não vence.Quem haverá que tal pense,Que uma câmara tão nobre,Por ver-se mísera e pobre,Não pode, não quer, não vence.
- Gregório de Matos (1636 - 1695)
Que falta nesta cidade?… Verdade.
Que mais por sua desonra?… Honra.
Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?… Negócio.
Quem causa tal perdição?… Ambição.
E no meio desta loucura?… Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objetos?… Pretos.
Tem outros bens mais maciços?… Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?… Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?… Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?… Guardas.
Quem as tem nos aposentos?… Sargentos.

Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?… Bastarda.
É grátis distribuída?… Vendida.
Que tem, que a todos assusta?… Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia?… Simonia.
E pelos membros da Igreja?… Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?… Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?… Freiras.
Em que ocupam os serões?… Sermões.
Não se ocupam em disputas?… Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?… Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?… Subiu.
Logo já convalesceu?… Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?… Não pode.
Pois não tem todo o poder?… Não quer.
É que o Governo a convence?… Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.
- Gregório de Matos (1636 - 1695)
m.americo

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