A imagem do bonecão inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário, surgida na manifestação do último domingo em Brasília, foi um dos temas mais comentados nas redes e mídias digitais.
Independentemente do juízo de valor que se faça, o fato mostra uma mudança em curso na percepção da política. Como o magnetismo pessoal quase sempre se dá pelo carisma, a imagem é resistente. Mas uma vez rompida, parece ser de difícil conserto.
A desconstrução denota uma desilusão, mas também certo amadurecimento. Projeções como a do "pai dos pobres" ou do "caçador de marajás" atraem dissimulando. Podem ser reais em certa medida, mas geralmente são meros truques de empatia. Acreditar nelas cada vez menos, antes de tudo, torna a participação política mais objetiva e realista.
No caso específico de Lula, imaginemos um militante petista que, porventura, fosse despertado de um longo coma.
Ele encontraria Eliseu Padilha, enxovalhado pelos petistas nos anos 1990, como portador, ao lado de Michel Temer, da governabilidade de Dilma. Joaquim Levy cuida do ajuste, mas a agenda do crescimento para inglês ver foi iniciativa do presidente do Congresso, Renan Calheiros.
O militante teria dificuldades para acompanhar quanta novidade.
Se é injusto ou não a roupa de presidiário, não está em discussão aqui. Tantas vezes visto como herói, Lula experimenta o lado demasiado humano das insatisfações sociais. Se sentiu o bafejar da popularidade, conhece agora percepções bem menos generosas.
O fato é que, junto com a aura, cai também a fantasia de que tudo se resolve com doses de voluntarismo, populismo e esperteza. O Brasil vai precisar construir uma nova agenda. Mas não essa providenciada em meio ao descrédito total surgido da crise econômica, política e moral. É preciso repensar o Brasil, desatar o nó do hoje e preparar a próxima década. Mas com inteligência, não com esses transes que só servem à empulhação e à ignorância.
A repercussão do bonecão é um chamado: menos fantasia, mais realidade. Diante das dificuldades e da insegurança, as pessoas não querem mais ouvir o de sempre. Elas desejam uma perspectiva, credibilidade e confiança -- coisas que Dilma e o Lulopetismo não podem mais entregar, como ficou nítido nas manifestações do dia 16.
Os que vão espernear contra os coxinhas e a direita perdem seu tempo. De norte a sul, a imagem do PT trincou. O bonecão é só um retrato mais nítido da decepção generalizada com a falta de transparência e de honestidade. Lula e Dilma traíram a confiança das pessoas. A resposta das ruas é clara: a era dos prestígios fáceis acabou.
20 de agosto de 2015
José Anibal
Independentemente do juízo de valor que se faça, o fato mostra uma mudança em curso na percepção da política. Como o magnetismo pessoal quase sempre se dá pelo carisma, a imagem é resistente. Mas uma vez rompida, parece ser de difícil conserto.
A desconstrução denota uma desilusão, mas também certo amadurecimento. Projeções como a do "pai dos pobres" ou do "caçador de marajás" atraem dissimulando. Podem ser reais em certa medida, mas geralmente são meros truques de empatia. Acreditar nelas cada vez menos, antes de tudo, torna a participação política mais objetiva e realista.
No caso específico de Lula, imaginemos um militante petista que, porventura, fosse despertado de um longo coma.
Ele encontraria Eliseu Padilha, enxovalhado pelos petistas nos anos 1990, como portador, ao lado de Michel Temer, da governabilidade de Dilma. Joaquim Levy cuida do ajuste, mas a agenda do crescimento para inglês ver foi iniciativa do presidente do Congresso, Renan Calheiros.
O militante teria dificuldades para acompanhar quanta novidade.
Se é injusto ou não a roupa de presidiário, não está em discussão aqui. Tantas vezes visto como herói, Lula experimenta o lado demasiado humano das insatisfações sociais. Se sentiu o bafejar da popularidade, conhece agora percepções bem menos generosas.
O fato é que, junto com a aura, cai também a fantasia de que tudo se resolve com doses de voluntarismo, populismo e esperteza. O Brasil vai precisar construir uma nova agenda. Mas não essa providenciada em meio ao descrédito total surgido da crise econômica, política e moral. É preciso repensar o Brasil, desatar o nó do hoje e preparar a próxima década. Mas com inteligência, não com esses transes que só servem à empulhação e à ignorância.
A repercussão do bonecão é um chamado: menos fantasia, mais realidade. Diante das dificuldades e da insegurança, as pessoas não querem mais ouvir o de sempre. Elas desejam uma perspectiva, credibilidade e confiança -- coisas que Dilma e o Lulopetismo não podem mais entregar, como ficou nítido nas manifestações do dia 16.
Os que vão espernear contra os coxinhas e a direita perdem seu tempo. De norte a sul, a imagem do PT trincou. O bonecão é só um retrato mais nítido da decepção generalizada com a falta de transparência e de honestidade. Lula e Dilma traíram a confiança das pessoas. A resposta das ruas é clara: a era dos prestígios fáceis acabou.
20 de agosto de 2015
José Anibal
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