"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

VÁ GOVERNAR, HADDAD, PARA MELHORAR A VIDA DO CIDADÃO, E NÃO PERCA TEMPO COM BESTEIRAS...

NÃO HÁ DITADURA BOA, HADDAD
SÃO PAULO - Fernando Haddad resolveu mudar o nome de todas as vias de São Paulo que, direta ou indiretamente, prestam homenagem à ditadura militar –o Minhocão, por exemplo, deixará de prestar continência para Costa e Silva, o marechal que assinou o AI-5 e tinha como grande passatempo na Presidência fazer palavras cruzadas.

Segundo o prefeito, a iniciativa "é um resgate importante, uma reafirmação do compromisso de São Paulo com os valores democráticos". De fato, deve ser desagradável morar num lugar que faz deferência a alguém como o delegado Sérgio Fleury (Vila Leopoldina), símbolo da tortura e do Esquadrão da Morte.

Mas, a despeito do mérito da proposta, Haddad meteu-se numa contradição sobre a qual não poderá alegar desconhecimento histórico. Por que o prefeito, que diz preferir "celebrar a vida daqueles que se dedicaram à democracia, daqueles que lutaram pelas liberdades individuais", rejeita uma ditadura, mas aceita que a cidade lisonjeie outras?

São Paulo não reverencia apenas o regime militar. Na cidade há homenagens para ditaduras das mais variadas práticas arbitrárias.

O Estado Novo, chamado por Graciliano Ramos de "o nosso pequenino fascismo tupinambá", está presente com distinções a Francisco Campos (no Pari), ministro da Justiça a quem é atribuída a reveladora frase "governar é prender", a Lourival Fontes (em Sapopemba), chefe do departamento de censura, e ao próprio Getúlio Vargas (em três bairros, São Miguel, Jabaquara e Bela Vista), em cujo governo a tortura correu mais do que solta.

Também há na cidade honrarias aos ditadores Marechal Tito (São Miguel) e Abdel Nasser (Vila Mariana) e até a Lenin, na, por sinal, agradabilíssima rua Leningrado (Interlagos).

Ao contrário do que faz parecer o prefeito Haddad com seu revisionismo seletivo, não existem ditadura boa e ditadura má. Ditadura é sempre ditadura.

20 de agosto de 2015
Rogério Gentile

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