"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

COMPROVANDO A TEORIA...


"QUANDO 50 MILHÕES DE PESSOAS AFIRMAM UMA BESTEIRA, ELA NÃO DEIXA DE SER UMA BESTEIRA POR CONTA DISSO."

PROVA SOCIAL

Você está a caminho de um concerto. Em um cruzamento, encontra um grupo de pessoas olhando para o céu. Sem pensar em nada, você também olha para cima. Por que? Prova social (social proof).
No meio do concerto, em uma passagem executada com maestria, alguém começa a aplaudir e, de repente, a sala inteira também aplaude. Inclusive você. Por que? Prova social.
Após o concerto, você está diante do guarda-volumes para pegar seu sobretudo. Observa as pessoas a sua frente, colocando uma moeda em um prato, embora, oficialmente, o guarda-volumes esteja incluído no preço do ingresso. O que você faz? Provavelmente também deixará uma gorgeta. Prova social.
Prova social, as vezes indistintamente designada como institnto gregário, significa:  comporto-me de modo correto quando me comporto como os outros. Em outros termos: quanto mais pessoas acharem uma idéia correta, mais correta será essa idéia - o que, naturalmente, é um absurdo.
Encontra-se a prova social na moda, em técnicas administrativas, no comportamento nas horas de lazer, na religião, nas dietas etc.
A prova social pode paralisar  culturas inteiras - pense no suicídio coletivo em algumas seitas.
O simples experimento de Solomon Ash, realizado pela primeira vez em 1950 mostra como a pressão do grupo desvirtua o bom senso. (...)

Por que agimos assim? 
Porque em nosso passado evolucionário esse comportamento mostrou-se uma boa estratégia de reflexão.
Suponhamos que você viveu a 50 mil anos e saiu com seus amigos caçadores-coletores no Serengeti. De repente seus companheiros saem correndo. O que você faz?
Fica parado, coça a testa e pensa se aquilo que viram é mesmo um leão ou não seria, antes, um animal inofensivo, que apenas parece um leão? Não! Você segue seus amigos o mais rápido que consegue. Refletir você pode posteriormente, quando já estiver em segurança.
Quem agiu de outro modo desapareceu do patrimônio genético.
Esse padrão de comportamento está tão profundamente arraigado em nós que ainda hoje o aplicamos, mesmo quando ele não traz nenhuma vantagem para a sobrevivência.
Ocorre-me apenas um caso  em que a prova social é útil: suponhamos que você tenha um ingresso para uma partida de futebol em uma cidade que você não conhece e, portanto, não sabe onde fica o estádio. Nesse caso, faz sentido seguir as pessoas que pareçam torcedoras.
Comédias e talk shows utilizam a prova social ao inserirem risadas em momentos estratégicos, o que comprovadamente incita os espectadores a rir.
Um dos casos mais impressionantes de prova social é o discurso "Vocês querem a guerra total? proferido por Joseph Goebbels em 1943, do qual existe um vídeo no youtube. 
Se essa pergunta tivesse sido feita individual e anonimamente, ninguém teria concordado com essa proposta absurda.
A publicidade se aproveita sistematicamente de nossa fraqueza para a prova social. Ela funciona muito bem quando a situação é pouco clara (uma quantidade infindável de marcas de automóveis, produtos de limpeza, cosméticos etc sem vantagens ou desvantagens aparente) e quando pessoas como você e eu aparecem.
Por isso, na televisão, você não conseguirá encontrar uma dona de casa africana elogiando um produto de limpeza.
Desconfie sempre se a empresa afirmar que seu produto é "o mais vendido". Esse é um argumento absurdo, pois,  por que um produto seria melhor só porque é "o mais vendido"?
O escritor  Somesert Maugham exprime essa idéia da seguinte forma:
"Quando 50 milhões de pessoas afirmam uma besteira, ela não deixa de ser uma besteira por conta disso."  (A Arte de pensar claramente, Rolf Dobelli)

Aqui está um exemplo colhido no youtube...

  1. pegadinha corre corre - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=vaw1mmaeACs

NOTA AO PÉ DO TEXTO


É comum nos espetáculos, digamos eruditos, como óperas, concertos clássicos, peças
clássicas teatrais, a presença de críticos em posições estratégicas na platéia, para
acenar ao público o momento certo de aplaudir uma passagem do espetáculo, que se distingue pela perfeita interpretação. Então, quando grita "bravíssimo!" e se levanta aplaudindo, o teatro inteiro se levanta e aplaude entusiasticamente...

O mais já está dito muito claramente sobre a "prova social".


30 de abril de 2015
m.americo

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2015/04/comprovando-teoria_30.html



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