Reúne-se em Belo Horizonte o Diretório Nacional do PT, com dois objetivos: comemorar os 35 anos de fundação do partido e diagnosticar por que os companheiros se encontram no fundo do poço.
Está prevista, se não houver contramarcha, a presença da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, encontro que poderá marcar a volta por cima na temporada de agruras petistas ou, no reverso da medalha, acirrar os ânimos e acentuar o racha dos dias atuais.
Ainda que mantendo a maioria de suas opiniões em sigilo, o Lula vem discordando cada vez mais da performance da sucessora. Por conta própria ou por estratégia de Dilma, o antecessor parece isolado tanto das decisões partidárias quanto das iniciativas de governo.
Dá seus conselhos aos colegas, a maioria desconsiderada pela presidente, como ainda agora na eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara. Se dependesse dele, o PT teria buscando um entendimento amplo com o PMDB, até mesmo engolindo a candidatura do deputado fluminense, sem contestá-la e, muito menos, sem apresentar Arlindo Chinaglia como alternativa.
Batendo de frente com o primeiro-companheiro está o chefe da Casa Civil, Aloysio Mercadante, provavelmente o maior derrotado na disputa do último domingo. Mais do que Dilma.
É claro que para o público, a próxima reunião do PT estará plena de confetes, serpentinas e lantejoulas. Na intimidade das conversas, porém, tudo serão queixas e ressentimentos. Menos porque o PT, pela sua intransigência, ficou sem um lugar sequer na mesa da Câmara, mais porque não dá para suas bases apoiarem a política neoliberal de aumento de preços e supressão de direitos trabalhistas, adotada e elogiada pela presidente.
Ignora-se a presença de Joaquim Levy, sem filiação partidária, mas se ousar comparecer, como convidado, receberá monumental vaia dos petistas. Também Marta Suplicy inclina-se a não viajar para Belo Horizonte, dadas suas veementes críticas ao partido e ao governo.
Mas como ela é imprevisível, melhor aguardar. Um único personagem poderá tirar proveito da reunião: o governador Fernando Pimentel, como anfitrião, das pouquíssimas lideranças com chances de afirmação na legenda hoje posta em frangalhos.
TAPAR O SOL COM PENEIRA
O cidadão comum que lê jornais e assiste televisão terá notado que de alguns meses para cá, aumentou o volume de publicidade da Petrobras.
Todos os dias são páginas de anúncios de obras e projetos que a gente não tem condições de conferir, bem como o patrocínio de telejornais grandes e pequenos.
Tudo com a intenção de amaciar o noticiário sobre a Operação Lava-Jato e outras lambanças praticadas á sombra da petroleira. Só que não tem adiantado nada. É mais dinheiro jogado fora.
05 de fevereiro de 2015
Carlos Chagas
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