Nossa missão está sendo cumprida. Nesses últimos dias a reserva do Exército tem intensificado a atitude corajosa de alertar o novo comandante da Força Terrestre, mesmo ainda sem ele ter assumido o cargo, sobre os temores e aspirações de seus futuros comandados, os inativos, mas também os da ativa! E isto é edificante na medida em que revela existirem, ainda muito arraigados, os sentimentos de camaradagem, franqueza e lealdade para quem vai nos comandar a partir do próximo dia 12 de fevereiro.
Em absoluto não foram lamentações, não foram lamurias, mas, tão somente, verdades doídas que foram lembradas ao Excelentíssimo Senhor General-de-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, guindado para comandar a Instituição em momento definitivo para o seu porvir. Torcemos para que sua excelência, antes de levá-la a uma situação de excelência, que também necessitamos, saiba manter a altivez, não tergiversando com os integrantes revanchistas da cúpula comunopetista em assuntos que maculem a honra do Exército.
A reserva chamada de “raivosa” (quanta/que injustiça) nunca deixou de expor seus argumentos de forma franca e leal, assinando embaixo de molde a que não ficasse dúvida de que o faria diretamente, de forma enquadrada e na posição de sentido, se tivesse a oportunidade, mesmo frente a frente com o alto comando, como já foi demonstrado em situações anteriores, em observância do princípio castrense da “decisão de caráter moral”.
Nossa missão é assessorá-lo com informações, com opiniões pertinentes à defesa nacional (não somos donos da verdade, mas, já fomos seus instrutores e comandantes), com nossas aspirações por soldos mais justos para quem não tem hora para chegar nem para sair do quartel (afinal de contas, não trabalhamos apenas nas terças, quartas e quintas-feiras, como a nossa politicalha), sobretudo sobre a importância vital em se manter o binômio espírito militar/espírito de corpo de nossa Instituição Armada.
Eis que é chegado o momento crítico para emitir opiniões e tomar decisões. Que não se duvide, nossa missão é, também, reiterar apreço, camaradagem e lealdade para com o nosso comandante quando sua excelência, por dever de ofício, simplesmente, não admitir aquilo que nos foi forçado engolir a fórceps durante 12 (doze) longos e deprimentes anos.
Sim, desejamos que vossa excelência jamais renuncie às suas convicções, mas, sobretudo, rogamos que não se deixe seduzir por confetes efêmeros ou pela falsidade leniente dos rapapés de pastores de ovelhas hipócritas que estremecem só de pensar no “rugido do leão” ou na “cólera das legiões”! Creia, vossa excelência, muito afago no ego de qualquer chefe, seja ele civil ou militar, até hoje, não tem dado bons frutos...confie desconfiando meu comandante!
Nossa missão, acima de tudo, nós da reserva, é manter a posição até o último homem, até o último protesto, até o resfolegar final do Exército de Caxias, por isso somos a reserva. A mesma reserva que completa as fileiras, que não deixa para trás seus irmãos em armas, que luta para manter os compromissos do Exército, que se indigna com as vilanias contra a Instituição no presente.
Que não se duvide, o momento é decisivo para todas as FFAA, todavia, não há como fugir a esse desiderato: o porvir da nação está intimamente vinculado ao porvir do Exército de Caxias. Mais quatro anos, agora com Ministro JW, que já mostra a voz do dono, francamente receptivo ao relatório da Comissão Nacional da Meia Verdade, vai ser um osso duro de roer!
Portanto, reserva, muito mais indignada do que raivosa, consciência tranquila! “Nossa tarefa vem sendo cumprida com muita exação e galhardia e não vai ser por uma meia dúzia de “pastores de ovelhas” que nossa esmagadora maioria vai deixar de prosseguir na missão.
08 de fevereiro de 2015
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de infantaria e Estado-Maior, na reserva.
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