"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

PAPA FRANCISCO ACEITA PLANEJAMENTO FAMILIAR





Ao destacar a importância da paternidade responsável e condenar as famílias que geram número excessivo de filhos (Jornal Nacional, terça-feira na Globo, e reportagem da Folha de São Paulo, ontem, 21), o Papa Francisco manifestou tacitamente a aceitação pelo Vaticano do planejamento familiar.

Claro, porque a limitação do número de filhos só pode ser alcançada através de meios e métodos contraceptivos. Entre eles a improvável abstinência sexual.

O pronunciamento feito a jornalistas a bordo do avião que o levou das Filipinas à volta para Roma, representou, ao mesmo tempo, um passo realista e um marco na história da Igreja.

O tema, que assinalou um debate intenso no Brasil, entre o final da década de 60 e o início da de 80, finalmente foi iluminado com nitidez pelo atual titular da Cátedra de São Pedro, que conduziu a questão ao plano, tanto realista, quanto da realidade.

Ressaltou inclusive constituir uma irresponsabilidade a reprodução exagerada, citando o caso de uma mulher que conheceu numa igreja que já deu à luz a sete filhos e se encontra grávida do oitavo. “Trata-se de uma irresponsabilidade; é tentar a Deus”, acrescentou.

Efetivamente representa um comportamento pouco responsável, uma vez que provavelmente a família com oito filhos vai terminar tendo que transferir os custos pelo menos parcialmente para outras pessoas, ou então para os poderes públicos.

E não é só isso. Há os reflexos no crescimento populacional gerando também problemas adicionais aos governos e à sociedade. O jornal americano National Catholic – destaca a reportagem da FSP – publicou que o Papa Francisco fez uma afirmação sem precedentes ao se referir a responsabilidade moral no sentido de limitar o número de filhos.

A declaração, a meu ver, significa uma ruptura com o antigo posicionamento do Vaticano de somente aceitar o sexo como meio de reprodução, entregando ao destino o número de crianças. A partir de agora, não. Implicitamente o sexo passa a ser aceito como forma de prazer, ou de amor, sem que necessariamente esteja vinculado à reprodução.

UM REFORMISTA AUTÊNTICO

O planejamento familiar, já aceito e praticado pelas classes de renda mais alta, era ignorado pelos grupos (majoritário) de menor rendimento. Não que esses grupos, como sustentava o médico Walter Rodrigues, criador da Benfam em nosso país na segunda metade da década de 60, desejassem ter número indiscriminado de filhos, mas sim por não saber como evitá-los.
O tempo passa, os raciocínios e comportamentos amadurecem, com isso esclarecendo dúvidas que habitam as sombras do desconhecimento ou da hipocrisia. O Papa Francisco, um reformista autêntico, vem marcando seu pontificado por grandes avanços sociais e políticos.

E assim caminha a humanidade, como diz, em português, o título de filme famoso de George Stevens. A Igreja Católica também traça seus caminhos a partir da contestação a Galileu sobre o sistema solar aos dias de hoje.
Nas nuvens do passado, foi praticada a inquisição especialmente em Portugal e Espanha. Mas as fases de obscurantismo e participação no poder ficaram para trás. Com Francisco, a Cátedra de Pedro, um pescador, ajusta-se ao presente e lança sua imagem através de compromisso com o futuro. Ótimo que seja assim. Amém.

23 de janeiro de 2015
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário