A indústria brasileira não está apenas perdendo importância no PIB do País. Também vem perdendo participação nas cadeias globais de valor, se é que já esteve bem nesse filme. É o que apontou nesta segunda-feira em relatório a Organização Mundial do Comércio, a OMC, hoje presidida pelo diplomata brasileiro Roberto Azevedo.
O importante hoje não é propriamente produzir da matéria-prima ao produto acabado, como se pensava há alguns anos. A Tecnologia da Informação e as grandes inovações no transporte internacional criaram um novo ambiente e uma nova arrumação da produção, altamente fragmentados.
É mais importante produzir um chipezinho à toa ou até mesmo prestar um serviço que faça parte de um produto global do que seguir fabricando todos os componentes de uma mercadoria de consumo apenas local.
O Brasil está perdendo esse bonde porque, há mais de dez anos, o governo não entendeu esse processo. Aferrado a uma visão nacional-sindicalista da produção, aprofundou uma política industrial conservadora e protecionista que vai desembocando nas particularidades do consumo interno e não na integração global.
Na medida em que se baseia na proteção alfandegária e na criação de reservas de mercado, que abrangem quase sempre da matéria-prima ao produto final, o processo industrial brasileiro enfrenta custos altos demais, que tiram competitividade do setor. E, como não têm nem preço e quase sempre nem qualidade para competir internacionalmente, não há como produto intermediário e produto final se inserirem nas cadeias globais de valor.
A participação nessas cadeias exige uma estrutura de tarifas alfandegárias baixas, para que a indústria possa incorporar matérias-primas e produtos intermediários importados que depois serão reexportados. No entanto, como mostra o estudo da OMC, o País acabou sendo relegado à posição dos lanternas das cadeias globais de valor. (Veja a tabela do Confira)
A explicação para mais esse mau desempenho do Brasil não está no relatório da OMC, mas é conhecida. Agarrado a seus parceiros do Mercosul, principalmente a Argentina, o País continua se fechando comercialmente e, na medida em que se fecha, vai ficando fora do jogo.
Durante todos esses anos, o governo Dilma não percebeu a importância do novo processo. Não apenas desestimulou a costura de novos acordos comerciais que abrissem o mercado do setor produtivo a novos negócios, como tratou de defender o mercado interno para o produtor nacional, no pressuposto de que, dessa maneira, criaria condições para o aumento de escala para a indústria.
Aconteceu o contrário. Travado pelos custos, o setor não conseguiu competir lá fora e perdeu cada vez mais fatias de mercado para o produto importado, apesar do forte protecionismo interno.
Em geral, os dirigentes da indústria e alguns dos seus economistas continuam argumentando que esse alijamento do setor produtivo se deve à “persistência de um câmbio fora de lugar” e não à baixa competitividade, resultado causado por outros fatores, que nenhum câmbio possível será capaz de compensar.
O importante hoje não é propriamente produzir da matéria-prima ao produto acabado, como se pensava há alguns anos. A Tecnologia da Informação e as grandes inovações no transporte internacional criaram um novo ambiente e uma nova arrumação da produção, altamente fragmentados.
É mais importante produzir um chipezinho à toa ou até mesmo prestar um serviço que faça parte de um produto global do que seguir fabricando todos os componentes de uma mercadoria de consumo apenas local.
O Brasil está perdendo esse bonde porque, há mais de dez anos, o governo não entendeu esse processo. Aferrado a uma visão nacional-sindicalista da produção, aprofundou uma política industrial conservadora e protecionista que vai desembocando nas particularidades do consumo interno e não na integração global.
Na medida em que se baseia na proteção alfandegária e na criação de reservas de mercado, que abrangem quase sempre da matéria-prima ao produto final, o processo industrial brasileiro enfrenta custos altos demais, que tiram competitividade do setor. E, como não têm nem preço e quase sempre nem qualidade para competir internacionalmente, não há como produto intermediário e produto final se inserirem nas cadeias globais de valor.
A participação nessas cadeias exige uma estrutura de tarifas alfandegárias baixas, para que a indústria possa incorporar matérias-primas e produtos intermediários importados que depois serão reexportados. No entanto, como mostra o estudo da OMC, o País acabou sendo relegado à posição dos lanternas das cadeias globais de valor. (Veja a tabela do Confira)
A explicação para mais esse mau desempenho do Brasil não está no relatório da OMC, mas é conhecida. Agarrado a seus parceiros do Mercosul, principalmente a Argentina, o País continua se fechando comercialmente e, na medida em que se fecha, vai ficando fora do jogo.
Durante todos esses anos, o governo Dilma não percebeu a importância do novo processo. Não apenas desestimulou a costura de novos acordos comerciais que abrissem o mercado do setor produtivo a novos negócios, como tratou de defender o mercado interno para o produtor nacional, no pressuposto de que, dessa maneira, criaria condições para o aumento de escala para a indústria.
Aconteceu o contrário. Travado pelos custos, o setor não conseguiu competir lá fora e perdeu cada vez mais fatias de mercado para o produto importado, apesar do forte protecionismo interno.
Em geral, os dirigentes da indústria e alguns dos seus economistas continuam argumentando que esse alijamento do setor produtivo se deve à “persistência de um câmbio fora de lugar” e não à baixa competitividade, resultado causado por outros fatores, que nenhum câmbio possível será capaz de compensar.
21 de outubro de 2014
Celso Ming, O Estadão
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