A experiência prática mostra que uma alta de preços de até 5% é o limite tolerável pela sociedade. Por isso, é importante buscar a meta (4,5%)
A meta de inflação estabelecida pelo governo, há anos, é de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para menos ou mais. Não se trata de um percentual escolhido abstratamente. A experiência prática mostra que, quando a inflação ultrapassa os 5%, a sociedade passa a buscar em mecanismos de indexação uma forma de se defender da corrosão do valor da moeda. E, com isso, a inflação acaba se tornando mais resistente, com a alta de preços incorporando um componente de autoalimentação.
Assim, 4,5% seria o limite que a sociedade é capaz de suportar. Devido a problemas estruturais crônicos da economia, haveria também dificuldade de se perseguir uma inflação mais baixa. O centro da meta deveria ser, então, buscado obstinadamente pelo governo. No entanto, desde o início do mandato da presidente Dilma, o índice oficial que baliza a meta (o IPCA, que mede a variação média do custo de vida de famílias com renda de até 40 salários mínimos mensais), apurado pelo IBGE, tem permanecido no intervalo superior de tolerância de dois pontos percentuais, chegando, em vários momentos, a ultrapassar o teto de 6,5% em doze meses, como acontece agora.
Em uma conjuntura de baixos índices de desemprego, a pressão por mais indexação se torna crescente nas negociações salariais, restivando a antiga corrida entre preços e salários.
Com exceção do salário mínimo, todos os demais estão hoje desindexados por força de lei. São definidos por livre negociação, com reajustes coletivos com prazo mínimo de um ano. A regra foi definida pelo Plano Real exatamente para desarmar um dos mais resistentes mecanismos de indexação com forte efeito de autoalimentação da inflação.
No entanto, o fato de o IPCA ficar acima de 5% ser mais uma constante do que uma exceção fez com as negociações salariais muitas vezes caiam em impasse, cabendo à Justiça trabalhista arbitrar o valor do reajuste, que nunca é inferior à inflação.
A única maneira de desarmar novamente esse processo perigoso de reindexação é a política de metas de inflação recuperar credibilidade. Para tal, os agentes econômicos e a sociedade em geral precisam ser convencidos de que não só o Banco Central mas todo o governo esteja efetivamente empenhado em fazer com que a inflação convirja para a meta dentro de um horizonte realista e viável, em vez de se constituir apenas numa promessa.
O Banco Central até que elevou as taxas básicas de juros para 11% ao ano, que não é um patamar desprezível em termos de aperto monetário. No entanto, na outra ponta o governo não para de pisar no acelerador dos gastos públicos, executando uma política fiscal claramente expansionista. Nesse contexto, as autoridades não podem se queixar da volta da indexação. Era previsível.
A meta de inflação estabelecida pelo governo, há anos, é de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para menos ou mais. Não se trata de um percentual escolhido abstratamente. A experiência prática mostra que, quando a inflação ultrapassa os 5%, a sociedade passa a buscar em mecanismos de indexação uma forma de se defender da corrosão do valor da moeda. E, com isso, a inflação acaba se tornando mais resistente, com a alta de preços incorporando um componente de autoalimentação.
Assim, 4,5% seria o limite que a sociedade é capaz de suportar. Devido a problemas estruturais crônicos da economia, haveria também dificuldade de se perseguir uma inflação mais baixa. O centro da meta deveria ser, então, buscado obstinadamente pelo governo. No entanto, desde o início do mandato da presidente Dilma, o índice oficial que baliza a meta (o IPCA, que mede a variação média do custo de vida de famílias com renda de até 40 salários mínimos mensais), apurado pelo IBGE, tem permanecido no intervalo superior de tolerância de dois pontos percentuais, chegando, em vários momentos, a ultrapassar o teto de 6,5% em doze meses, como acontece agora.
Em uma conjuntura de baixos índices de desemprego, a pressão por mais indexação se torna crescente nas negociações salariais, restivando a antiga corrida entre preços e salários.
Com exceção do salário mínimo, todos os demais estão hoje desindexados por força de lei. São definidos por livre negociação, com reajustes coletivos com prazo mínimo de um ano. A regra foi definida pelo Plano Real exatamente para desarmar um dos mais resistentes mecanismos de indexação com forte efeito de autoalimentação da inflação.
No entanto, o fato de o IPCA ficar acima de 5% ser mais uma constante do que uma exceção fez com as negociações salariais muitas vezes caiam em impasse, cabendo à Justiça trabalhista arbitrar o valor do reajuste, que nunca é inferior à inflação.
A única maneira de desarmar novamente esse processo perigoso de reindexação é a política de metas de inflação recuperar credibilidade. Para tal, os agentes econômicos e a sociedade em geral precisam ser convencidos de que não só o Banco Central mas todo o governo esteja efetivamente empenhado em fazer com que a inflação convirja para a meta dentro de um horizonte realista e viável, em vez de se constituir apenas numa promessa.
O Banco Central até que elevou as taxas básicas de juros para 11% ao ano, que não é um patamar desprezível em termos de aperto monetário. No entanto, na outra ponta o governo não para de pisar no acelerador dos gastos públicos, executando uma política fiscal claramente expansionista. Nesse contexto, as autoridades não podem se queixar da volta da indexação. Era previsível.
21 de outubro de 2014
Editorial O Globo
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