A discrepância de contas entre o Tesouro Nacional e o Banco Central, que está em R$ 3,1 bilhões, por causa da chamada “maquiagem financeira”, poderia ter sido ainda maior. Em maio, concluído o levantamento das estatísticas fiscais, o BC percebeu uma diferença expressiva de R$ 4 bilhões para o resultado do Tesouro. Ao descobrir que o dinheiro estava em uma “conta paralela” de um banco privado, o BC incorporou esse valor nas contas. Ainda assim, as estatísticas do governo central, segundo o critério do BC, foram cerca de R$ 500 milhões piores em maio do que o estimado pelo Tesouro.
Essa manobra nunca foi explicada. A origem do dinheiro, que representa um crédito a favor da União, também não foi esclarecida até aqui. No entanto, a descoberta do dinheiro ajudou a reduzir o rombo nas contas públicas de maio.
À época, um porta-voz do BC admitiu, em duas entrevistas ao Estadão, que o déficit fiscal “seria de R$ 15 bilhões, mas foi de R$ 11 bilhões” por causa da discrepância de R$ 4 bilhões.
DEVAGAR, QUASE PARANDO…
O BC colocou sua área de supervisão para inspecionar a operação realizada pelo banco privado. Em resposta ao questionamento feito pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação, o banco afirmou que a investigação conduzida por sua área de supervisão continua, mesmo depois de 100 dias.
É um tempo incomum de duração para investigações desse tipo, segundo advogados especialistas. Essas auditorias do BC costumam ser rápidas e secretas. O caso dos R$ 4 bilhões não foi, até aqui, nem um nem outro.
Questionado sobre a operação à época, o próprio BC deu publicidade à investigação, em nota oficial de 15 de julho. E a apuração não acaba nunca.
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