O debate eleitoral criou o falso antagonismo entre contas públicas em ordem e continuidade dos programas sociais que influenciam muitos votos
A indústria deve estar contando os dias para o fim do calendário eleitoral. É que até lá dificilmente ocorrerá alguma correção de rumos da política econômica, porque isso implicaria reconhecimento de que equívocos foram cometidos, o que daria mais argumentos em favor do candidato da oposição.
Investimentos capazes de dar novo impulso à indústria foram postergados ou engavetados à espera de uma definição dos rumos da política econômica no ano que vem. Certamente não serão retomados se o próximo o governo não deixar claro que pretende pôr as finanças públicas em ordem.
O déficit público alcançou um patamar insustentável (4%, o nominal), considerando-se o modesto nível de poupança interna do país (14% do PIB). Sem uma correção de rumos, a possibilidade de redução dos juros e normalização do crédito desaparece. A inflação permanecerá como um grave problema, fazendo com que o governo se sinta tentado a impedir que o câmbio flutue para seu ponto de equilíbrio, de modo a baratear as importações, encurralando a indústria já retraída pela perda de competitividade.
Com a atividade econômica enfraquecida, é ilusório que os índices de desemprego se manterão em patamares tão baixos. A cada mês, os registros do Ministério do Trabalho, no Caged, mostram que a geração de empregos formais está perdendo fôlego, com queda expressiva em relação a anos anteriores. O dado de setembro talvez seja o pior em 14 anos, inferior a 100 mil vagas.
Não será com passes de mágica que o governo poderá contribuir para uma mudança nesse quadro de desânimo. O país tem muitos desafios a serem superados, mas a maioria desses obstáculos não poderá ser equacionada enquanto não for desatado o nó górdio da economia, que é o desequilíbrio nas finanças públicas. Nessa fase eleitoral, não se vê luz no fim do túnel porque a austeridade fiscal é apontada como antagônica à continuidade de programas sociais. A situação desafia a oposição a promover o ajuste sem sacrificar programas sociais cuja existência influencia parte considerável do eleitorado.
Visto por esse ângulo, a falta de um debate mais profundo sobre a questão ilude o eleitorado. Pois, sem ajuste nas finanças públicas, não há quem possa garantir a continuidade dos programas sociais
A indústria deve estar contando os dias para o fim do calendário eleitoral. É que até lá dificilmente ocorrerá alguma correção de rumos da política econômica, porque isso implicaria reconhecimento de que equívocos foram cometidos, o que daria mais argumentos em favor do candidato da oposição.
Investimentos capazes de dar novo impulso à indústria foram postergados ou engavetados à espera de uma definição dos rumos da política econômica no ano que vem. Certamente não serão retomados se o próximo o governo não deixar claro que pretende pôr as finanças públicas em ordem.
O déficit público alcançou um patamar insustentável (4%, o nominal), considerando-se o modesto nível de poupança interna do país (14% do PIB). Sem uma correção de rumos, a possibilidade de redução dos juros e normalização do crédito desaparece. A inflação permanecerá como um grave problema, fazendo com que o governo se sinta tentado a impedir que o câmbio flutue para seu ponto de equilíbrio, de modo a baratear as importações, encurralando a indústria já retraída pela perda de competitividade.
Com a atividade econômica enfraquecida, é ilusório que os índices de desemprego se manterão em patamares tão baixos. A cada mês, os registros do Ministério do Trabalho, no Caged, mostram que a geração de empregos formais está perdendo fôlego, com queda expressiva em relação a anos anteriores. O dado de setembro talvez seja o pior em 14 anos, inferior a 100 mil vagas.
Não será com passes de mágica que o governo poderá contribuir para uma mudança nesse quadro de desânimo. O país tem muitos desafios a serem superados, mas a maioria desses obstáculos não poderá ser equacionada enquanto não for desatado o nó górdio da economia, que é o desequilíbrio nas finanças públicas. Nessa fase eleitoral, não se vê luz no fim do túnel porque a austeridade fiscal é apontada como antagônica à continuidade de programas sociais. A situação desafia a oposição a promover o ajuste sem sacrificar programas sociais cuja existência influencia parte considerável do eleitorado.
Visto por esse ângulo, a falta de um debate mais profundo sobre a questão ilude o eleitorado. Pois, sem ajuste nas finanças públicas, não há quem possa garantir a continuidade dos programas sociais
15 de outubro de 2014
Editorial O Globo
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