Espremida entre o aumento do custo de produção e o represamento dos preços da gasolina, a indústria brasileira de açúcar e etanol tem perdido fôlego financeiro.
Desde janeiro, seis usinas entraram em processo de recuperação judicial, segundo estudo da consultoria MBF Agribusiness. O montante equivale a todos os pedidos registrados nos últimos dois anos. Desde 2008, são 56 estabelecimentos em tal situação.
A crise se agravou no período mais recente pela queda nos preços do açúcar no mercado internacional. Cerca de dois terços dos grupos estariam operando com prejuízo.
A cadeia de suprimento de equipamentos está comprometida. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar, desde 2010 houve queda de 50% no faturamento, com a perda de 50 mil empregos.
A deterioração vem de alguns anos, quando o governo começou a dar passos atrás na modernização que empreendia com sucesso desde os anos 1990.
A criação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), em 2001, com alíquotas diferenciadas, deu competitividade ao setor --a taxação do etanol era menor que a da gasolina.
A política de correção dos preços internos da gasolina, por sua vez, que até 2006 acompanhou mais de perto as cotações internacionais, também contribuía para que a rentabilidade do biocombustível não fosse comprometida.
Houve, ademais, grande aumento da demanda interna de etanol a partir de 2003, com a tecnologia de carros flex, que em poucos anos passaram a representar 90% dos novos carros vendidos no país.
Completando o ciclo, os preços altos do petróleo levaram investidores a buscar alternativas. O Brasil oferecia o cenário ideal: tecnologia consolidada, baixo custo e forte cadeia de fornecedores.
Muito mudou nos últimos anos, contudo. A partir de 2006, o governo conteve o preço interno da gasolina. Para evitar repasses dos aumentos internacionais, a Cide foi progressivamente reduzida (até zero em 2012), eliminando o diferencial tributário em favor do etanol justamente quando cresciam os custos de produção.
A questão de fundo, que praticamente fez cessar novos investimentos no setor, é que deixou de haver uma política clara para a convivência da gasolina e do etanol, combustíveis com estruturas produtivas e rentabilidades diferentes.
A liderança do Brasil é inquestionável no que respeita ao etanol. Seria de esperar, portanto, que o governo elaborasse políticas para explorar essa vantagem --e, se for incapaz de fazer isso, que ao menos não atrapalhe o setor.
Desde janeiro, seis usinas entraram em processo de recuperação judicial, segundo estudo da consultoria MBF Agribusiness. O montante equivale a todos os pedidos registrados nos últimos dois anos. Desde 2008, são 56 estabelecimentos em tal situação.
A crise se agravou no período mais recente pela queda nos preços do açúcar no mercado internacional. Cerca de dois terços dos grupos estariam operando com prejuízo.
A cadeia de suprimento de equipamentos está comprometida. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar, desde 2010 houve queda de 50% no faturamento, com a perda de 50 mil empregos.
A deterioração vem de alguns anos, quando o governo começou a dar passos atrás na modernização que empreendia com sucesso desde os anos 1990.
A criação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), em 2001, com alíquotas diferenciadas, deu competitividade ao setor --a taxação do etanol era menor que a da gasolina.
A política de correção dos preços internos da gasolina, por sua vez, que até 2006 acompanhou mais de perto as cotações internacionais, também contribuía para que a rentabilidade do biocombustível não fosse comprometida.
Houve, ademais, grande aumento da demanda interna de etanol a partir de 2003, com a tecnologia de carros flex, que em poucos anos passaram a representar 90% dos novos carros vendidos no país.
Completando o ciclo, os preços altos do petróleo levaram investidores a buscar alternativas. O Brasil oferecia o cenário ideal: tecnologia consolidada, baixo custo e forte cadeia de fornecedores.
Muito mudou nos últimos anos, contudo. A partir de 2006, o governo conteve o preço interno da gasolina. Para evitar repasses dos aumentos internacionais, a Cide foi progressivamente reduzida (até zero em 2012), eliminando o diferencial tributário em favor do etanol justamente quando cresciam os custos de produção.
A questão de fundo, que praticamente fez cessar novos investimentos no setor, é que deixou de haver uma política clara para a convivência da gasolina e do etanol, combustíveis com estruturas produtivas e rentabilidades diferentes.
A liderança do Brasil é inquestionável no que respeita ao etanol. Seria de esperar, portanto, que o governo elaborasse políticas para explorar essa vantagem --e, se for incapaz de fazer isso, que ao menos não atrapalhe o setor.
13 de março de 2014
Editorial Folha de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário