Não dá para brincar com a rebelião do PMDB da Câmara, como não dá para confundir a rebelião da bancada com rebelião do próprio PMDB. Por ora, ao menos.
Ao tentar isolar Eduardo Cunha, Dilma acabou sendo isolada no Congresso. Os deputados pemedebistas se uniram em torno do líder e a crise extrapolou a bancada, consolidou o "blocão" com vários outros partidos da base aliada e deu no que deu: muitas "alegrias" para o Planalto.
A primeira foi uma comissão para acompanhar investigações sobre propinas na Petrobras. A comissão não é para valer, mas a empresa é emblemática e o resultado da votação não deixa dúvidas quanto ao grau e à abrangência da irritação com o governo: 267 votos a 28.
Outra "alegria" foi a convocação ou o convite para dez ministros e a presidente da Petrobras falarem no Congresso sobre variados assuntos espinhosos. Mais: o senador Vital do Rêgo recusou o Ministério do Turismo e a votação do Marco Civil da Internet teve de ser adiada, a pedidos.
Mercadante parece dar murro em ponta de faca, mas a pior situação é a dos líderes petistas, acuados, impotentes, perdidos em frases de efeito que não têm efeito nenhum.
O Planalto e a campanha de Dilma, porém, avaliam: 1) o quanto "brigar" com o PMDB pode gerar votos para a candidata; 2) o quanto pode afetar a convenção nacional que vai definir os rumos do partido na eleição. Se a bancada tem em torno de 75 deputados, a convenção tem mais de 500 eleitores e mais de 700 votos (alguns votam mais de uma vez).
Alguma irradiação da rebeldia da Câmara certamente haverá, mas parece hoje insuficiente para reverter o apoio a Dilma na convenção de junho. Ela só não pode cair nas pesquisas. Se cair, aí, sim, tudo muda de figura e o "blocão" vira um monstro.
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Diferentemente do que o jornal italiano "La Repubblica" publicou, Lula não disse que "emprego é mais importante que inflação"
13 de março de 2014
Eliane Cantanhêde
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