A escalada autoritária do governo Nicolás Maduro galgou mais um degrau nos últimos dias.
Ontem, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela anunciou que a deputada oposicionista María Corina Machado, a mais votada do país, perdeu seu mandato por aceitar o posto de representante suplente do Panamá durante reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A justificativa foi uma camada de verniz técnico sobre a evidente manobra política, cujo propósito é retirar da deputada sua imunidade parlamentar --o primeiro passo no caminho para a sua detenção.
Na semana passada, dois prefeitos da oposição já haviam sido encarcerados, sob a alegação de que incentivavam um golpe no país.
Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal, viu-se detido durante encontro com colegas oposicionistas. Com uma hora de diferença, o prefeito Enzo Scarano, de San Diego, foi condenado a dez meses de prisão pelo Tribunal Supremo de Justiça, órgão reduzido a despachante das decisões do Executivo.
Ambos estão na prisão militar de Ramo Verde, onde também se encontra o líder opositor Leopoldo López, ali encarcerado desde o dia 18 de fevereiro. Tais medidas assemelham-se às práticas correntes em regimes ditatoriais.
Os três políticos, sem dúvida, incentivavam os protestos recentes, que já deixaram um triste saldo de ao menos 34 mortos. Daí a afirmar, como faz Maduro, que planejavam um golpe de Estado vai uma distância que só deveria ser percorrida com provas consistentes --mas estas o governo não apresenta.
Também o campo econômico e social venezuelano está repleto de tensões. O país convive com elevado índice de homicídios, frequentes apagões, crise cambial e alta inflação. Tal é a escassez de produtos básicos que o governo pretende proibir que as pessoas comprem alimentos com frequência diária.
É nesse cenário que os 11 chanceleres sul-americanos chegam a Caracas, onde devem se reunir com Nicolás Maduro, a Assembleia e governadores. Trata-se de grande prova de fogo para a diplomacia brasileira, até aqui silente diante de abusos reconhecidos até por autoridades ligadas ao chavismo.
O papel da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) é o de ajudar a Venezuela a conciliar suas duas metades, e não chancelar um regime inegavelmente autoritário.
Ontem, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela anunciou que a deputada oposicionista María Corina Machado, a mais votada do país, perdeu seu mandato por aceitar o posto de representante suplente do Panamá durante reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A justificativa foi uma camada de verniz técnico sobre a evidente manobra política, cujo propósito é retirar da deputada sua imunidade parlamentar --o primeiro passo no caminho para a sua detenção.
Na semana passada, dois prefeitos da oposição já haviam sido encarcerados, sob a alegação de que incentivavam um golpe no país.
Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal, viu-se detido durante encontro com colegas oposicionistas. Com uma hora de diferença, o prefeito Enzo Scarano, de San Diego, foi condenado a dez meses de prisão pelo Tribunal Supremo de Justiça, órgão reduzido a despachante das decisões do Executivo.
Ambos estão na prisão militar de Ramo Verde, onde também se encontra o líder opositor Leopoldo López, ali encarcerado desde o dia 18 de fevereiro. Tais medidas assemelham-se às práticas correntes em regimes ditatoriais.
Os três políticos, sem dúvida, incentivavam os protestos recentes, que já deixaram um triste saldo de ao menos 34 mortos. Daí a afirmar, como faz Maduro, que planejavam um golpe de Estado vai uma distância que só deveria ser percorrida com provas consistentes --mas estas o governo não apresenta.
Também o campo econômico e social venezuelano está repleto de tensões. O país convive com elevado índice de homicídios, frequentes apagões, crise cambial e alta inflação. Tal é a escassez de produtos básicos que o governo pretende proibir que as pessoas comprem alimentos com frequência diária.
É nesse cenário que os 11 chanceleres sul-americanos chegam a Caracas, onde devem se reunir com Nicolás Maduro, a Assembleia e governadores. Trata-se de grande prova de fogo para a diplomacia brasileira, até aqui silente diante de abusos reconhecidos até por autoridades ligadas ao chavismo.
O papel da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) é o de ajudar a Venezuela a conciliar suas duas metades, e não chancelar um regime inegavelmente autoritário.
25 de março de 2014
Editorial Folha de SP
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