BRASÍLIA - Comerciantes deram um passa-fora em políticos que votaram a favor da im(p)unidade de um senador corrupto: afixaram cartazes avisando que eles não seriam bem-vindos e cumpriram a ameaça. Uma embaixatriz europeia viu quando sua cabeleireira botou uma parlamentar para correr.
Foi no Paraguai, mas vai que a moda pega por aqui?! Muita gente não poderia mais ir a bar, restaurante, posto de gasolina, shopping --nem cortar os novos cabelos implantados.
Essa conscientização de comerciantes e fregueses paraguaios --profissionais liberais, professores, estudantes, funcionários-- vem crescendo já há algum tempo e resultou, por exemplo, na emocionante eleição do ex-bispo Fernando Lugo para presidente. Ele fracassou por incompetência política e administrativa, mas deixou a lição de que, quando o povo quer, muita coisa pode acontecer.
O Paraguai continua sendo um "pleonasmo" --é um dos países mais corruptos e com mais pobreza do continente--, mas a efervescência cívica, a vitória de Lugo e, depois, a eleição de um governo mais pragmático já produzem ventos alvissareiros e resultados: o país se descola do tutor Brasil e, segundo o Banco Mundial, tem 14,1% de crescimento, o terceiro maior do mundo em 2013.
Há uma sincronia: enquanto os paraguaios descobrem sua força, o país se moderniza e o crescimento dispara. O contraponto é a Argentina, que se jogou na teia imperial dos Kirchner e convive com corrupção, câmbio e inflação fora de controle. A sensação é de caos.
Esses contrastes estarão pairando na Celac (cúpula de América Latina e Caribe), hoje, em Cuba, com a presença de Dilma. Sem Chávez, com a Venezuela afundando e a Argentina fazendo água, o equilíbrio da região está mudando e o pequeno Paraguai, sempre o primo pobre, é um bom "case" dessa mudança.
Em tempo: com o boicote do comércio, os políticos paraguaios refizeram o voto e o senador foi cassado.
Foi no Paraguai, mas vai que a moda pega por aqui?! Muita gente não poderia mais ir a bar, restaurante, posto de gasolina, shopping --nem cortar os novos cabelos implantados.
Essa conscientização de comerciantes e fregueses paraguaios --profissionais liberais, professores, estudantes, funcionários-- vem crescendo já há algum tempo e resultou, por exemplo, na emocionante eleição do ex-bispo Fernando Lugo para presidente. Ele fracassou por incompetência política e administrativa, mas deixou a lição de que, quando o povo quer, muita coisa pode acontecer.
O Paraguai continua sendo um "pleonasmo" --é um dos países mais corruptos e com mais pobreza do continente--, mas a efervescência cívica, a vitória de Lugo e, depois, a eleição de um governo mais pragmático já produzem ventos alvissareiros e resultados: o país se descola do tutor Brasil e, segundo o Banco Mundial, tem 14,1% de crescimento, o terceiro maior do mundo em 2013.
Há uma sincronia: enquanto os paraguaios descobrem sua força, o país se moderniza e o crescimento dispara. O contraponto é a Argentina, que se jogou na teia imperial dos Kirchner e convive com corrupção, câmbio e inflação fora de controle. A sensação é de caos.
Esses contrastes estarão pairando na Celac (cúpula de América Latina e Caribe), hoje, em Cuba, com a presença de Dilma. Sem Chávez, com a Venezuela afundando e a Argentina fazendo água, o equilíbrio da região está mudando e o pequeno Paraguai, sempre o primo pobre, é um bom "case" dessa mudança.
Em tempo: com o boicote do comércio, os políticos paraguaios refizeram o voto e o senador foi cassado.
28 de janeiro de 2014
Eliane Catanhêde, Folha de SP
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