Dilma Rousseff é primária e carrega uma forte dose de caipirismo que abastece sua visão de mundo. Comporta-se como aquela menina que sai da terrinha e ao chegar na cidade grande se lambuza de tantas novidades.
Dilma presidente observa o que se passa ao redor do mundo a partir do Arrudas, ribeirão que corta Belo Horizonte, sua cidade natal. Em Davos pouco fez pelo País que representou, pois nada do que disse em seu discurso merece mais do que cinco minutos de atenção.
Investidores internacionais, que já percebiam a fragilidade da política econômica brasileira, ficaram certos de que não existe a menor segurança em trazer seus dólares para essas bandas. O Brasil só não está pior do que a Argentina, mas pode chegar lá.
Resumindo, a ida da presidente a Davos não acrescentou absolutamente nada, seja no campo político, seja na esfera econômica.
Acompanhei alguns órgãos de comunicação social de fora do Brasil e constatei que a fala de Dilma não fez o menor eco entre os principais investidores que lá estavam em busca de boas oportunidades de investimentos.
O que repercutiu mesmo da viagem da senhora presidente pela Europa foi sua passagem por Lisboa, na verdade um ponto fora da curva. A gastança por terras lusitanas para a presidente e sua comitiva deu a entender que as contas do Brasil estão bombando.
A justificativa de que a aeronave presidencial não tinha autonomia para chegar a Cuba, não pegou muito bem. Como não é de ferro, Dilma e sua entourage saíram para jantar no restaurante mais estrelado de Portugal.
O convescote, disse o ministro de Relações Exteriores, não saiu do bolso do contribuinte brasileiro. Cada um pagou o que comeu.
Enquanto isso, no Brasil, a indústria patina, o comércio não vende, o real derrete perante o dólar, a inflação galopa e, dia sim e outro também, os grandes centros de consumo sendo sacudidos pelos desocupados dos rolezinhos e as avenidas se tornando praça de guerra pela turma do miolo mole, conhecidos como black bloc.
De Lisboa, Dilma deu um pulo na propriedade dos irmãos Castro, no Caribe, para a inauguração de um porto construído com dinheiro dos brasileiros. Empreiteiras brasileiras, fiéis financiadoras de campanhas petistas, estão nadando em dinheiro com essas obras fora do País. A grana sai do caixa do BNDES, agente financeiro a serviço do governo federal.
Pelo menos a passagem da presidente por Lisboa serviu para alguma coisa: descobriu-se que a madame fez uns retoques na lataria, já pensando no pleito de outubro próximo.
Afinal, em época de eleição nada como dar uma melhorada na aparência. As olheiras de Dilma comprovam que a presidente entrou na faca, ou melhor, no bisturi.
28 de janeiro de 2014
Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito e colaborador deste blog.
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