Tumulto viaja por 'emergentes' e bate até nos EUA; pode passar hoje, mas ano terá mais sustos
"NÃO ESTÁ FÁCIL para ninguém", como se diz por aí. Dos "mercados emergentes" às Bolsas americanas, sobrou para todo mundo. Não tem sobrado é explicação em miúdos de mais esta rodada de tumulto na finança mundial.
A coisa parece ter sido detonada na semana passada por um indicador que antecipa os dados sobre a produção industrial chinesa, que teria encolhido, segundo um bancão. Se a China consome menos, o dinheiro fica curto para muito país "emergente" que vende para os chine- ses, em especial para os que já estão na extrema pindaíba, como a Argentina.
Mas essa andorinha, rumores chineses, aparece vez e outra e sozinha não faz um verão, um inverno e nem mesmo uma semana de tumulto. Decerto, claro, pânicos não têm lá muita explicação.
Sim, há vários países "emergentes" no bico do corvo. A Argentina vinha em estado crítico desde o início do mês. Outro país com contas externas no vermelho e, de resto, em crise política, a Turquia pisou na bola de sua política monetária.
Há a desgraça da Ucrânia. África do Sul e Indonésia estão passando mal, e o Brasil mesmo, o mais relevante de todos, não está lá muito bem, embora tenha meios de se defender e de sair desta. Países com escassez de dólares, políticas econômicas extravagantes e desordem política estão apanhando mais.
Sim, já havia um elefante na sala de 2014, a mudança na política econômica americana, que vai aspirar dólares do restante do mundo, deixando a vida mais cara e difícil, em especial nos emergentes com excesso de consumo (inflação e deficit externos altos). Um elefante e um dragão chinês, juntos na mesma sala, incomodam muito mais.
Seja lá qual for o motivo preciso do paniquito, o incômodo foi visível até no centro do império, nos EUA. Os donos do dinheiro grosso compraram títulos da dívida pública americana, colchão do mercado em dias de tumulto. Os juros americanos, que vinham em alta pelo menos desde o segundo trimestre do ano passado, caíram de modo relevante. As Bolsas americanas, ainda em euforia, caíram também.
Amanhã, mais essa rodada de tumulto pode ter passado, mas não se tratou de um raio em dia de céu azul. Como diz outro clichê, no entanto ilustrativo, quando a maré baixa é que a gente vê quem estava nadando pelado. A maré da abundância de dinheiro está baixando e expõe a nudez ou os trapos de muito país. De modo improvisado, o pessoal está tratando de se cobrir, evitar desvalorizações brutais, crises de financiamento externo, que no fim das contas levam países ao hospital do FMI.
O banco central da Turquia se reúne hoje, provavelmente para elevar as taxas de juros, o que não fizera outro dia, aumentando a desconfiança sobre suas contas externas, no vermelho. No seu método confuso típico, a Argentina procura acertar sua crise cambial, embora não saiba cuidar da inflação.
Em Londres, o presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, resumiu o problema: os emergentes vão ter de apertar suas políticas monetárias (aumentar a taxa de juros). Isto é, viver de dieta braba para não cair de cama. Enfim, vai custar ainda muito mais fazer bobagem econômica. Bom dia, presidenta.
"NÃO ESTÁ FÁCIL para ninguém", como se diz por aí. Dos "mercados emergentes" às Bolsas americanas, sobrou para todo mundo. Não tem sobrado é explicação em miúdos de mais esta rodada de tumulto na finança mundial.
A coisa parece ter sido detonada na semana passada por um indicador que antecipa os dados sobre a produção industrial chinesa, que teria encolhido, segundo um bancão. Se a China consome menos, o dinheiro fica curto para muito país "emergente" que vende para os chine- ses, em especial para os que já estão na extrema pindaíba, como a Argentina.
Mas essa andorinha, rumores chineses, aparece vez e outra e sozinha não faz um verão, um inverno e nem mesmo uma semana de tumulto. Decerto, claro, pânicos não têm lá muita explicação.
Sim, há vários países "emergentes" no bico do corvo. A Argentina vinha em estado crítico desde o início do mês. Outro país com contas externas no vermelho e, de resto, em crise política, a Turquia pisou na bola de sua política monetária.
Há a desgraça da Ucrânia. África do Sul e Indonésia estão passando mal, e o Brasil mesmo, o mais relevante de todos, não está lá muito bem, embora tenha meios de se defender e de sair desta. Países com escassez de dólares, políticas econômicas extravagantes e desordem política estão apanhando mais.
Sim, já havia um elefante na sala de 2014, a mudança na política econômica americana, que vai aspirar dólares do restante do mundo, deixando a vida mais cara e difícil, em especial nos emergentes com excesso de consumo (inflação e deficit externos altos). Um elefante e um dragão chinês, juntos na mesma sala, incomodam muito mais.
Seja lá qual for o motivo preciso do paniquito, o incômodo foi visível até no centro do império, nos EUA. Os donos do dinheiro grosso compraram títulos da dívida pública americana, colchão do mercado em dias de tumulto. Os juros americanos, que vinham em alta pelo menos desde o segundo trimestre do ano passado, caíram de modo relevante. As Bolsas americanas, ainda em euforia, caíram também.
Amanhã, mais essa rodada de tumulto pode ter passado, mas não se tratou de um raio em dia de céu azul. Como diz outro clichê, no entanto ilustrativo, quando a maré baixa é que a gente vê quem estava nadando pelado. A maré da abundância de dinheiro está baixando e expõe a nudez ou os trapos de muito país. De modo improvisado, o pessoal está tratando de se cobrir, evitar desvalorizações brutais, crises de financiamento externo, que no fim das contas levam países ao hospital do FMI.
O banco central da Turquia se reúne hoje, provavelmente para elevar as taxas de juros, o que não fizera outro dia, aumentando a desconfiança sobre suas contas externas, no vermelho. No seu método confuso típico, a Argentina procura acertar sua crise cambial, embora não saiba cuidar da inflação.
Em Londres, o presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, resumiu o problema: os emergentes vão ter de apertar suas políticas monetárias (aumentar a taxa de juros). Isto é, viver de dieta braba para não cair de cama. Enfim, vai custar ainda muito mais fazer bobagem econômica. Bom dia, presidenta.
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