A propalada crise da meia idade dos BRICS ( Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tão comentada nos bastidores do Fórum Econômico Mundial 2014, em Davos, na Suíça, mais do que sensibilizar o senso de humor relativo às dificuldades dos emergentes em meio à crise mundial, deve suscitar uma reflexão importante: os Estados Unidos e as nações da Europa Ocidental enriqueceram antes de envelhecer. A frase é uma alusão ao fato de terem aproveitado muito bem o chamado bônus demográfico para atingir elevados patamares de renda e desenvolvimento.
Não fosse esse bônus (fase em que a maioria da população está na faixa economicamente ativa), a demorada crise mundial teria feito muito mais estragos em sua economia. Portanto, foram salvos a tempo, considerando as perspectivas mais recentes de que começam a emergir para um novo fluxo de crescimento, ainda que moderado.
Os BRICS, por sua vez, continuaram crescendo na crise porque souberam adotar medidas anticíclicas e também porque têm um grande potencial de expansão econômica. Somente o processo de inclusão social, como ocorreu no Brasil, que antecedeu ao crash de 2008 e se manteve nos anos seguintes, garantiu alguns pontos percentuais amais na variação anual do PIB. Além disso, nosso país vive exatamente o início de seu bônus demográfico, que deverá perdurar por duas décadas. Esse é um fator importante.
Precisamos aproveitar este raro momento da pirâmide populacional para nos tornar, como já ocorreu com norte-americanos e europeus, uma economia de renda elevada e uma nação desenvolvida. Não podemos, em hipótese alguma, desperdiçar tal oportunidade. Perdê-la significaria envelhecer sem enriquecer, e isso seria absolutamente desastroso. Assim, independentemente das vicissitudes dos demais BRICS, não podemos nos dar ao luxo, nem por brincadeira, de nos perder em questões filosóficas, dilemas existenciais e crises de identidade sobre os rumos de nossa economia. É preciso pôr a mão na massa e trabalhar muito, cumprindo a agenda do desenvolvimento.
E ela exige medidas pontuais, como a retomada do crédito, que anda escasso, depois de um período de ampla disponibilidade. Também é decisivo o estímulo ao investimento estrangeiro direto. O Brasil ainda é o oitavo colocado nesse ranking mundial, o que é louvável. Entretanto, já foi o sétimo, passando a perder posições, acentuadamente a partir do segundo semestre de 2013. Ou seja, o governo deve acenar ao mundo, com transparência, que está firme no propósito da responsabilidade fiscal, controle da inflação e segurança jurídica.
Esses são os fatores que mais têm aguçado o ceticismo dos investidores quanto às perspectivas de nosso país. Nem é mais confortável, pois se torna constrangedor, bater nas teclas, já desgastadas, das reformas estruturais, que teimosamente seguem esquecidas em quase três décadas. Porém, não podemos ignorar a necessidade de um choque de produtividade, inovação e competitividade, sem o qual subaproveitaremos o nosso abençoado bônus demográfico.
Fizemos muita coisa certa neste século 21, principalmente a criação de um expressivo mercado consumidor, por meio da ascensão socioeconômica de aproximadamente 50 milhões de pessoas. Qualquer retrocesso poderá conduzir o país a um destino de envelhecimento sem riquezas, equação letal para o futuro.
Não fosse esse bônus (fase em que a maioria da população está na faixa economicamente ativa), a demorada crise mundial teria feito muito mais estragos em sua economia. Portanto, foram salvos a tempo, considerando as perspectivas mais recentes de que começam a emergir para um novo fluxo de crescimento, ainda que moderado.
Os BRICS, por sua vez, continuaram crescendo na crise porque souberam adotar medidas anticíclicas e também porque têm um grande potencial de expansão econômica. Somente o processo de inclusão social, como ocorreu no Brasil, que antecedeu ao crash de 2008 e se manteve nos anos seguintes, garantiu alguns pontos percentuais amais na variação anual do PIB. Além disso, nosso país vive exatamente o início de seu bônus demográfico, que deverá perdurar por duas décadas. Esse é um fator importante.
Precisamos aproveitar este raro momento da pirâmide populacional para nos tornar, como já ocorreu com norte-americanos e europeus, uma economia de renda elevada e uma nação desenvolvida. Não podemos, em hipótese alguma, desperdiçar tal oportunidade. Perdê-la significaria envelhecer sem enriquecer, e isso seria absolutamente desastroso. Assim, independentemente das vicissitudes dos demais BRICS, não podemos nos dar ao luxo, nem por brincadeira, de nos perder em questões filosóficas, dilemas existenciais e crises de identidade sobre os rumos de nossa economia. É preciso pôr a mão na massa e trabalhar muito, cumprindo a agenda do desenvolvimento.
E ela exige medidas pontuais, como a retomada do crédito, que anda escasso, depois de um período de ampla disponibilidade. Também é decisivo o estímulo ao investimento estrangeiro direto. O Brasil ainda é o oitavo colocado nesse ranking mundial, o que é louvável. Entretanto, já foi o sétimo, passando a perder posições, acentuadamente a partir do segundo semestre de 2013. Ou seja, o governo deve acenar ao mundo, com transparência, que está firme no propósito da responsabilidade fiscal, controle da inflação e segurança jurídica.
Esses são os fatores que mais têm aguçado o ceticismo dos investidores quanto às perspectivas de nosso país. Nem é mais confortável, pois se torna constrangedor, bater nas teclas, já desgastadas, das reformas estruturais, que teimosamente seguem esquecidas em quase três décadas. Porém, não podemos ignorar a necessidade de um choque de produtividade, inovação e competitividade, sem o qual subaproveitaremos o nosso abençoado bônus demográfico.
Fizemos muita coisa certa neste século 21, principalmente a criação de um expressivo mercado consumidor, por meio da ascensão socioeconômica de aproximadamente 50 milhões de pessoas. Qualquer retrocesso poderá conduzir o país a um destino de envelhecimento sem riquezas, equação letal para o futuro.
28 de janeiro de 2014
Antoninho Marmo Trevisan, Brasil Econômico
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