Deficit da indústria que produz bens tecnológicos chega a US$ 93,4 bilhões
A indústria que produz bens com mais tecnologia agregada -
remédios,
máquinas,
veículos,
químicos,
entre outros -
registrou um deficit de impressionantes US$ 93,4 bilhões em suas trocas com o exterior, revela estudo feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O valor cresceu mais de 10 vezes na última década, já que o saldo negativo era de US$ 8,6 bilhões em 2003, o primeiro ano do governo Lula. O rombo atual já representa o dobro de tudo que esses setores exportaram no ano passado: US$ 49,6 bilhões.
O levantamento do Iedi utiliza parâmetros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para agregar a indústria por intensidade tecnológica: alta tecnologia, média alta tecnologia, média baixa tecnologia e baixa tecnologia.
O número acima engloba alta e média alta tecnologia. Ao incluir os demais segmentos, o déficit total da indústria da transformação cai para US$ 59,7 bilhões - ainda assim, um número expressivo.
SETORES
O valor cresceu mais de 10 vezes na última década, já que o saldo negativo era de US$ 8,6 bilhões em 2003, o primeiro ano do governo Lula. O rombo atual já representa o dobro de tudo que esses setores exportaram no ano passado: US$ 49,6 bilhões.
O levantamento do Iedi utiliza parâmetros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para agregar a indústria por intensidade tecnológica: alta tecnologia, média alta tecnologia, média baixa tecnologia e baixa tecnologia.
O número acima engloba alta e média alta tecnologia. Ao incluir os demais segmentos, o déficit total da indústria da transformação cai para US$ 59,7 bilhões - ainda assim, um número expressivo.
SETORES
Setores como alimentos e siderurgia ajudam a melhorar o resultado total. A metodologia da OCDE é mais "generosa" com a indústria que a tradicional classificação de produtos manufaturados, porque também considera como bens industriais produtos como carne ou celulose.
"Com a crise, os países ricos adotaram medidas para incentivar as exportações industriais. As importações do Brasil cresceram de forma avassaladora. As exportações seguiram crescendo, mas foram perdendo o fôlego", diz Rogério Cesar Souza, economista do Iedi.
Ele também ressalta a importância da desvalorização do real nesse processo.
As importações de produtos industriais saltaram de US$ 40 bilhões para US$ 206 bilhões na última década. As exportações também avançaram, saindo de US$ 57 bilhões para US$ 146 bilhões no mesmo período - mas desde de 2008, quando a crise global explodiu, estão oscilando perto do patamar alcançado no ano passado.
Em produtos de alta tecnologia, como remédios ou materiais de informática, o Brasil é tradicionalmente deficitário, mas o rombo nunca foi tão grande. Nesses segmentos, o déficit saltou de US$ 5,3 bilhões em 2003 para US$ 31,9 bilhões no ano passado.
O grande campo de "batalha" do comércio global, no entanto, foi a indústria considerada de média alta tecnologia. Nesses setores, que incluem veículos, equipamentos elétricos e máquinas, o Brasil ensaiou se tornar superavitário, conquistando um resultado positivo em US$ 446 milhões em suas trocas com o exterior em 2005.
Desde então, no entanto, o saldo voltou a ser negativo e cresceu exponencialmente, atingindo US$ 61,4 bilhões no ano passado. "O Brasil se tornou um país muito caro para produzir. Hoje todo setor que não é protegido acaba invadido pelos importados", diz José Velloso, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos)
COMPETITIVIDADE
Em 2013, a situação global mudou. Os países ricos voltaram a crescer, aumentando a sua demanda por produtos importados, e o real se desvalorizou, acompanhando as demais moedas dos países emergentes. Mas isso não foi suficiente para melhorar o resultado da indústria.
Apesar do câmbio mais favorável, o déficit da indústria da transformação cresceu 17,8% no ano passado. Em 2012, o resultado estava negativo em US$ 50 bilhões. Para os economistas, isso é resultado da perda de competitividade da indústria brasileira e um sinal de que a reação pode demorar a chegar.
RAQUEL LANDIM/ DE SÃO PAULO
Folha
28 de janeiro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário