"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

JOSÉ DIRCEU, CORRUPTO LULISTA, VIROU PERSONAGEM DE DESENHO ANIMADO

 


José Dirceu atravessa seus primeiros dias de cárcere como se fosse um personagem de desenho animado —desses que, quando acaba o chão, continuam caminhando no vazio e só caem quando se dão conta de que pisam em nada. Desde a decretação de sua prisão, em 15 de novembro, o ex-número 2 do PT ainda não olhou para baixo.
 
Político preso, Dirceu se autoproclamou preso político. Detento do semiaberto, saiu-se com um contrato de ‘trabalho’ de R$ 20 mil mensais. Empregou-se num hotel cujo suposto proprietário, homem de rádios e tevês, tem na proximidade com o poder seu principal capital social. Em poucos dias, descobriu-se que o empregador de Dirceu habita um mundo em que ‘laranja’ há muito deixou de ser uma reles fruta.
 
Expostos os pés de barro do neopatrão, Dirceu ergueu o queixo e mandou seus advogados divulgarem uma nota. No texto, “renuncia à oferta de emprego”. Para não perder o hábito, queixa-se do “linxamento midiático”. Acha injusto que outras pessoas sejam “transformadas em alvo de ódio e perseguição” por terem sido generosas com ele.
 
Por sorte, a bondade do brasileiro é infinita. Uma ONG de amparo a presidiários ofereceu emprego a Dirceu e seus dois companheiros do núcleo político do mensalão. O salário é menor: R$ 508 mensais. Mas não há laranjas no cesto. Se topar, Dirceu vai supervisionar a fabricação de piso de concreto por outros presos.
 
No ofício que enviou ao STF, a entidade explicou que Delúbio, ex-gestor de arcas partidárias, sofrerá algumas restrições. “Não demostrou a nosso ver nenhuma habilidade em outras funções senão a de tesoureiro do partido político.” Nesse posto, anotou a ONG, Delúbio mostrou “não ser de confiança” para o exercício de funções administrativas. “Por este motivo, lhe ofereceremos o cargo de assistente de marcenaria.”
 
Quanto a José Genoino, a cooperativa de presos levou em conta seu estado de saúde. Como não pode fazer grandes esforços, o ex-presidente do PT teria a atribuição de costurar bolas de futebol. A atividade não impõe “nenhum esforço físico”, anota o ofício. E proporciona ao preso uma renda de R$ 5 por bola.
 
Não se sabe, por ora, se Dirceu aceitará cuidar da fabricação de piso de concreto em troca de remuneração equivalente a 75% do salário mínimo. Parece improvável. No dicionário de Dirceu não há o vocábulo piso, só teto. Na sua realidade de animação, o preso mais ilustre do mensalão fez um novo pedido à Vara de Execuções Penais de Brasília.
 
Mesmo no xiloindró, Dirceu deseja obter autorização para atualizar seu blog periodicamente. Repetindo: o preso quer laptop, banda larga de internet e liberdade para fazer política na rede. Mais: quer receber jornais e revistas. Não é só: acha que pode dar entrevistas.
 
Dirceu atravessa seu abismo sem fazer concessões à realidade. Enquanto caminha sobre o vazio, tenta de tudo sem perceber que tudo já não quer nada com ele. O detendo ainda não enxergou o tom acinzentado do chão da cela. Dirceu demora a olhar para baixo

06 de dezembro de 2013
Blog do Josias - UOL

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