As cenas fortes de batalha campal, transmitidas ao vivo e a cores pela televisão, durante a partida entre o Vaco da Gama e o Atlético Paranaense em Joinville, cuja recorrência vem aumentando nos últimos tempos, têm como efeito nefasto, é óbvio, o afastamento cada vez maior dos estádios, dos verdadeiros apaixonados por futebol e das famílias, os que abrilhantam o espetáculo, dando lugar a selvagens e assassinos travestidos de torcedores.
Esses episódios, no entanto, remetem-nos a temores bem mais fundamentais, ligados à inescapável sensação de falência da nossa justiça e de sua incapacidade ser aplicada com um mínimo de eficiência, no sentido de fortalecer a confiança da sociedade.
A um ano da copa do mundo, numa época em que a tecnologia permite identificar com nitidez os protagonistas de tais acontecimentos, verificamos com tristeza a ausência completa de punições e, inclusive, o retorno daqueles vândalos aos estádios, em partidas posteriores.
O que se vê, em contrapartida? Um lamentável jogo de empurra entre o Ministério Público e a Polícia do estado de Santa Catarina, sem as necessárias iniciativas para resolver o problema e penalizar exemplarmente os responsáveis.
Será que os melancólicos eventos que se verificam com frequência cada vez mais preocupante nas nossas arenas constituem somente a metástase de um tumor mais grave que vem retirando a saúde e a vitalidade da sociedade?
Se for, é necessário um tratamento urgente com remédios fortes e, às vezes, amargos.
É a grande oportunidade de nossos políticos se mostrarem dispostos a melhorar o baixo conceito de que desfrutam entre a população, ao invés de tentarem vender uma imagem de "boas praças" e emitirem declarações cosméticas, dando conta de que em várias partes do mundo ocorrem fatos semelhantes.
13 de dezembro de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
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