"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ZUM, ZUM, ZUM, ESTÁ FALTANDO UM

 



Contei esta historia aqui em 25 de setembro do ano passado. Tarde de sábado do começo de 2003 no restaurante Piantella, o melhor de Brasília. Lula havia ganho as eleições presidenciais de 2002 contra José Serra e estava em Porto Alegre, com José Dirceu e a cúpula do PT, discutindo com o PT gaúcho a formação do novo governo.

Como fazíamos quase todas as tardes de sextas e sábados, um grupo de jornalistas almoçávamos a um canto, conversando sobre política e o pais.

De repente, entram nervosos, aflitos, os deputados Moreira Franco, Gedel Vieira Lima, Henrique Alves, da direção nacional do PMDB, e começam a discutir baixinho, quase cochichando.
Em poucos instantes, chega o deputado Michel Temer, presidente nacional do PMDB. Nem almoçaram. Beberam pouca coisa, deram telefonemas, saíram rápido.
Nada falaram. Acontecera alguma coisa grave. Deviam voltar logo.

LULA
 
Só um voltou e nos contou a bomba política do fim de semana. Antes de viajar para o Rio Grande do Sul, Lula encarregara José Dirceu, coordenador da equipe de transição e já convidado para Chefe da Casa Civil, de negociar com o PMDB o apoio a seu governo, em troca dos ministérios de Minas e Energia, Justiça e Previdência, que seriam entregues a senadores e deputados indicados pelo partido.
Lula já havia dito ao PT que eles não podiam esquecer a lição da derrubada de Collor pelo impeachment, que o senador Amir Lando, do PMDB de Rondônia, relator da CPI de PC Farias, havia definido como uma “quartelada parlamentar”. No Brasil, para governar é preciso ter sempre maioria no Congresso. O PT tinha que fazer as concessões necessárias.

DIRCEU
 
O primeiro a ser chamado foi o PMDB, o maior partido da Câmara e do Senado. Lula mandou José Dirceu acertar com o PMDB. Combinaram os três ministérios e ficaram todos felizes.

Em Porto Alegre, na primeira noite, Lula encontrou a gula voraz do PT gaúcho, que exigia os ministérios de Minas e Energia, da Justiça e da Previdência. Lula cedeu. Chamou Dirceu e deu ordem para desmanchar o acordo com o PMDB.

Dirceu perguntou como iriam conseguir maioria no Congresso.
- Compra os pequenos partidos, disse Lula a Dirceu. Fica mais barato.

Dilma virou ministra de Minas e Energia, Tarso Genro da Justiça e Olívio Dutra das Cidades. O PMDB seria substituído pela compra dos “pequenos partidos” : PTB, PL, PP, etc. E assim nasceu o Mensalão.

PATRÃO
 
O advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, o brilhante jurista Luiz Francisco Correa Barboza, disse ao “Globo”:

-”Não só Lula sabia do Mensalão como ordenou toda essa lambança. Não é possível acusar os empregados e deixar o patrão de fora”.

No dia 12 de agosto de 2005, em um pronunciamento pela TV a todo o povo brasileiro, Lula pediu “desculpas pelo escândalo”.

Lula é um “cappo”. Os companheiros do partido e do governo na Papuda e ele, só ele, de fora. Logo ele que é o grande réu, “o réu”. Dirceu, Genoino, Delúbio, Valério, a malta toda, como disse o Procurador Geral da República, era uma “organização criminosa”, uma “quadrilha” chefiada pelo Dirceu. (Mas sob o comando do Chefão, Lula).

SUPREMO
 
Desde 2003, cada ano relembro essa historia. Lula começou dizendo que “não sabia de nada”. Depois, passou para : “Fui traído pelas costas”. E, finalmente, a tese oficial dele e do PT : – “O Mensalão foi uma farsa”.

E Lula arranjou ajudantes na desfaçatez para agredir o Supremo Tribunal. Delubio:- “O Mensalão é uma piada de salão”. Um gaúcho baixotinho, que veio não se sabe de onde e virou presidente da Câmara, Marco Maia, cuspiu no Supremo: “O Mensalão é uma falácia”.

Ele não sabe o que é falácia. Mas cadeia ele sabe. Quando for visitar na Papuda sua turma, Dirceu, Genoino, Delubio, Valério, ele vai aprender.
Quem tinha de estar na Van da frente era Lula, o Chefão. Como diz a marchinha do Paulo Soledade, Zum, Zum, Zum, na Papuda está faltando um.

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