"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

JUIZ DE EXECUÇÕES TRATA STF COMO CORTE INÓCUA

 

AdemarSilvaDeVasconcelosSergioLimaFolha

Chama-se Ademar Silva de Vasconcelos o juiz escalado para executar as ordens de prisão que o STF vai expedir contra os condenados do mensalão. Ele é o titular da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Tomado pelas palavras, o doutor detestou a decisão do Supremo de enviar mensaleiros para o xadrez.
 
Vale a pena escutá-lo:
“Eu acho que isso não é bom. A gente, como cidadão, fica até mesmo muito decepcionado com essas coisas. Fico pensando no homem comum, do povo, que não tem muita oportunidade vendo um homem notório sendo preso. Isso não é bom para o país. São penas inócuas, porque eles já foram punidos publicamente.”
 
A repórter Mariana Haubert perguntou ao magistrado se não acha que a prisão de políticos graúdos, por emblemática, exerce efeitos benfazejos na alta do cidadão comum. E ele:
“Isso é mais por vingança”.
 
O homem comum ouve o doutor dizer essas coisas e conclui que o brasileiro em dia com o fisco é mesmo um sujeito de má sorte. Já se habituara ao paradoxo de ser chamado de contribuinte pelo governo que o assalta. Mas ainda não se acostumou com o papel de bobo.
 
O contribuinte pergunta aos seus botões, que não respondem, pois não falam com qualquer um: qual é o custo de sete anos de funcionamento do STF? Não deve sair barato, ele matuta consigo mesmo.
 
Além dos salários dos 11 atores principais, a Viúva paga o pessoal de apoio, o palco, a iluminação, o serviço de som, o cafezinho, a TV para transmitir o espetáculo, e o massagista para aliviar as dores na coluna do Joaquim Barbosa.
 
O brasileiro, por comum, quer ajudar o doutor Ademar. Dispõem-se a convocar pelas redes sociais uma passeata em favor da revogação das punições dos mensaleiros, já tão “punidos publicamente.” Mas não abre mão do seu direito à vingança. Se a lei não vale nada,  feche-se o STF e demita-se o doutor Ademar. O figurino de executor de “penas inócuas” não lhe cai bem.

15 de novembro de 2013
Josias de Souza - UOL

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