"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O DESAFIO DAS MEGACIDADES

Documento do Fórum Econômico Mundial analisa como o crescimento das metrópoles ao redor do mundo deve afetar a economia e a sociedade
 

Tóquio
Tóquio é o maior aglomerado urbano do mundo, com mais de 37 milhões de habitantes. Se fosse um país, seria o 31º maior do planeta (Thinkstock)

Foi divulgada nesta sexta-feira a Agenda do Fórum Econômico Mundial em 2014, que detalha quais devem ser os temas discutidos na próxima reunião do órgão no ano que vem. Um dos principais tópicos levantados pelo documento é a questão das megacidades — as zonas urbanas que, a depender da definição, têm mais de 10 ou 15 milhões de habitantes.
 
Hoje, já existem 22 delas em todo o mundo, apresentando uma série de problemas urbanísticos e sociais. Ainda assim, elas não param de crescer — e até 2025 serão 35.
 
Segundo o documento, essas megacidades apresentam um grande desafio a ser enfrentado nos próximos anos. Elas são o epicentro de diversos outros problemas sérios que o planeta deve encarar, como falta de moradia e água, crises econômicas e epidemias. Ao mesmo tempo, elas também representam a melhor esperança para encontrar a solução para esses e outros problemas, "uma vez que são um caldeirão de inovação, ideias e criação de riqueza".
 
A ciência das cidades — O texto é escrito pelo físico Geoffrey West, professor do Instituto Santa Fé, nos Estados Unidos, e um dos primeiros pesquisadores a estudar os modelos científicos das grandes cidades. Em seus estudos, ele busca entender como a sociedade, economia e as redes de infraestrutura colaboram — ou não — para manter essas metrópoles funcionando.
 
A maior preocupação levantada pelo cientista é a possibilidade de essas metrópoles continuarem crescendo sem apresentar melhorias em suas condições sociais. Para que isso não aconteça, é preciso observar as histórias de outras cidades ao redor do mundo — principalmente os casos de sucesso, como Londres e Nova York.
 
Segundo o pesquisador, esse aprendizado é possível porque, apesar de sua enorme variedade, há um padrão no crescimento das grandes cidades. Ao conhecer sua população, são previsíveis — com acurácia de 80% a 90% — características da aglomeração urbana, como o número de casos de aids, crimes, postos de gasolina e tamanho das ruas. Assim, apesar de sua história, geografia e cultura diversas, existe regularidade entre todas as megacidades.
 
Geoffrey West afirma que isso é possível porque essas metrópoles são criadas a partir das mesmas redes de pessoas. "As cidades possuem todas o mesmo DNA, porque todas são feitas de pessoas", diz o documento. Assim, a história de uma delas pode fornecer soluções para as outras.
 
A alma das cidades — O pesquisador cita a China como um país que poderia aprender com exemplos estrangeiros. Ali, o governo começou a construir novas cidades para alocar 250 milhões de chineses que atualmente vivem em zonas rurais. Segundo o documento, essas cidades estão sendo erguidas sem uma compreensão profunda da complexidade da vida urbana e do efeito que isso tem em sua economia.
 
Muitas delas seguem os modelos usados nos subúrbios americanos, sem senso de comunidade e "parecendo cidades fantasmas sem alma". As cidades, no entanto, necessitam ter uma qualidade orgânica — elas só crescem e florescem a partir das interações entre as pessoas.

Os dirigentes chineses teriam entendido isso se tivessem analisado o caso de Detroit, nos Estados Unidos. Durante décadas, a cidade foi sustentada quase que exclusivamente pela indústria automobilística, o que promoveu um rápido desenvolvimento econômico. Mas essa falta de diversidade nos negócios provocou sérias dificuldades financeiras quando a indústria automobilística passou a oferecer menos lucros, e até hoje a cidade vive dias difíceis.
 
Segundo o pesquisador, isso é um claro exemplo de que os centros urbanos só prosperam a partir da diversidade e que negá-la pode levar as megacidades à ruína. As grandes metrópoles que funcionam são aquelas que estimulam a interação entre seus habitantes, o que acaba sendo sua fonte de inovação, emoção e sucesso. Assim, a diversidade seria crucial para a sobrevivência das atuais e futuras megacidades, uma vez que todos os seus problemas interagem continuamente, e suas soluções são interdependentes.




15 de novembro de 2013
Veja
 

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