Para o bem e para o mal, as sociedades que mais crescem, enriquecem e progridem são as mais competitivas, onde impera a meritocracia e são oferecidas condições para que mais gente concorra para a excelência profissional nas ciências, nas artes e na tecnologia, na busca de inovações, de novos produtos e serviços. Assim como a vida real, a competição social é dura, implacável e muitas vezes injusta, muitos caem pelo caminho, muitos espertos e desonestos se dão bem, mas toda a sociedade se beneficia com o progresso. Exemplos são desnecessários.
Há também quem veja a recompensa aos méritos individuais como simples darwinismo social, corrida de ratos engendrada pelo capitalismo, conspiração contra a dignidade, a unidade e os interesses dos trabalhadores e suas corporações. Um exemplo: muitos professores são contra premiações por desempenho, mas assim nivelam os piores, os mais ausentes e incompetentes aos melhores, mais dedicados e eficientes, em nome da solidariedade corporativa, em prejuízo dos alunos e da competitividade internacional do país.
Tão difícil quanto harmonizar os direitos à informação e à privacidade é equilibrar a competitividade e a solidariedade. Não é preciso ser nenhum professor DaMatta para ver que um de nossos maiores problemas é que os brasileiros — individualistas, malandros e sentimentais, habituados a misturar o publico ao privado e à cultura do compadrio e da boca livre — têm enorme dificuldade em escolher entre uma e outra, querem os benefícios das duas, mas sem pagar o preço.
Enquanto o Brasil for uma sociedade de mercado, nosso grande conflito estará na distribuição equitativa dos benefícios da sociedade competitiva. Enfraquecer os fortes não beneficia os fracos, prejudica a todos. Mas não fortalecer os fracos enfraquece toda a sociedade moralmente e atrasa o seu progresso material.
O Brasil de Dilma vive um estranho dilema em que os defensores da competitividade, que faz crescer toda a sociedade, são os liberais e conservadores, e os que privilegiam a solidariedade corporativa, que atrasa a vida do país, e dos seus cidadãos, os progressistas.
15 de novembro de 2013
Nelson Motta, O Globo
Há também quem veja a recompensa aos méritos individuais como simples darwinismo social, corrida de ratos engendrada pelo capitalismo, conspiração contra a dignidade, a unidade e os interesses dos trabalhadores e suas corporações. Um exemplo: muitos professores são contra premiações por desempenho, mas assim nivelam os piores, os mais ausentes e incompetentes aos melhores, mais dedicados e eficientes, em nome da solidariedade corporativa, em prejuízo dos alunos e da competitividade internacional do país.
Tão difícil quanto harmonizar os direitos à informação e à privacidade é equilibrar a competitividade e a solidariedade. Não é preciso ser nenhum professor DaMatta para ver que um de nossos maiores problemas é que os brasileiros — individualistas, malandros e sentimentais, habituados a misturar o publico ao privado e à cultura do compadrio e da boca livre — têm enorme dificuldade em escolher entre uma e outra, querem os benefícios das duas, mas sem pagar o preço.
Enquanto o Brasil for uma sociedade de mercado, nosso grande conflito estará na distribuição equitativa dos benefícios da sociedade competitiva. Enfraquecer os fortes não beneficia os fracos, prejudica a todos. Mas não fortalecer os fracos enfraquece toda a sociedade moralmente e atrasa o seu progresso material.
O Brasil de Dilma vive um estranho dilema em que os defensores da competitividade, que faz crescer toda a sociedade, são os liberais e conservadores, e os que privilegiam a solidariedade corporativa, que atrasa a vida do país, e dos seus cidadãos, os progressistas.
15 de novembro de 2013
Nelson Motta, O Globo
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