O auditor fiscal Eduardo Barcellos disse em depoimento à Promotoria ser possível provar que ele fazia entre 2011 e 2012 pagamentos de R$ 20 mil mensais a Antonio Donato -na época vereador pelo PT e que se tornou secretário de Governo e braço direito do prefeito Fernando Haddad.
Um dos acusados de participar da máfia do ISS, Barcellos afirmou aos promotores que sempre telefonava ao petista antes de ir à Câmara lhe entregar o dinheiro.
Donato nega ter recebido qualquer valor do grupo.
O Ministério Público disse que pretende pedir a quebra dos sigilos telefônicos de Barcellos e Donato para fazer o cruzamento de informações.
Se confirmados, os telefonemas podem ajudar a Promotoria a tentar comprovar o recebimento do dinheiro.
Os promotores devem ainda buscar imagens do circuito interno de TV da Câmara.
Barcellos depôs dentro de um acordo de delação premiada, com o objetivo de redução de pena. Se comprovado que mentiu, poderá perder os benefícios do acordo.
Segundo o auditor, as ligações ocorreram de dezembro de 2011 a setembro de 2012, quando teria havido os pagamentos ao então vereador.
Barcellos disse que Donato o procurou solicitando ajuda em sua campanha de reeleição à Câmara. Os R$ 200 mil teriam ido para um caixa 2.
De acordo com a Promotoria, o auditor passou a entregar o dinheiro visando obter cargos na prefeitura caso o partido vencesse as eleições de 2012, o que ocorreu.
Donato deixou a Secretaria de Governo de Haddad anteontem, quando a Folha revelou que ele convidou Barcellos para trabalhar na pasta -atuou ali por três meses.
Para o Ministério Público, essa transferência foi uma retribuição à propina paga.
Além de Barcellos, o também auditor Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da suposta quadrilha, ganhou um cargo no governo Haddad. Rodrigues, que segundo Barcellos também dava dinheiro a Donato, foi indicado pelo petista para a diretoria de Finanças da SPTrans.
Donato nega ter recebido dinheiro do grupo. Disse que nunca recebeu nada da "quadrilha", como ele se refere, somente dados técnicos durante a campanha.
O ex-secretário disse ainda que, quando soube de suspeitas contra Barcellos, mandou retirá-lo da secretaria. O auditor disse aos promotores que pediu para sair porque estava cansado de "não fazer nada".
14 de novembro de 2013
ROGÉRIO PAGNAN e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO - Folha de São Paulo
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