"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DELATOR AFIRMA SER POSSÍVEL PROVAR "MESADA" A SECRETÁRIO DE HADDAD

 
O auditor fiscal Eduardo Barcellos disse em depoimento à Promotoria ser possível provar que ele fazia entre 2011 e 2012 pagamentos de R$ 20 mil mensais a Antonio Donato -na época vereador pelo PT e que se tornou secretário de Governo e braço direito do prefeito Fernando Haddad.
 
Um dos acusados de participar da máfia do ISS, Barcellos afirmou aos promotores que sempre telefonava ao petista antes de ir à Câmara lhe entregar o dinheiro.
 
Donato nega ter recebido qualquer valor do grupo.
 
O Ministério Público disse que pretende pedir a quebra dos sigilos telefônicos de Barcellos e Donato para fazer o cruzamento de informações.
 
Se confirmados, os telefonemas podem ajudar a Promotoria a tentar comprovar o recebimento do dinheiro.
 
Os promotores devem ainda buscar imagens do circuito interno de TV da Câmara.
 
Barcellos depôs dentro de um acordo de delação premiada, com o objetivo de redução de pena. Se comprovado que mentiu, poderá perder os benefícios do acordo.
 
Segundo o auditor, as ligações ocorreram de dezembro de 2011 a setembro de 2012, quando teria havido os pagamentos ao então vereador.
 
Barcellos disse que Donato o procurou solicitando ajuda em sua campanha de reeleição à Câmara. Os R$ 200 mil teriam ido para um caixa 2.
 
De acordo com a Promotoria, o auditor passou a entregar o dinheiro visando obter cargos na prefeitura caso o partido vencesse as eleições de 2012, o que ocorreu.
 
Donato deixou a Secretaria de Governo de Haddad anteontem, quando a Folha revelou que ele convidou Barcellos para trabalhar na pasta -atuou ali por três meses.
 
Para o Ministério Público, essa transferência foi uma retribuição à propina paga.
 
Além de Barcellos, o também auditor Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da suposta quadrilha, ganhou um cargo no governo Haddad. Rodrigues, que segundo Barcellos também dava dinheiro a Donato, foi indicado pelo petista para a diretoria de Finanças da SPTrans.
 
Donato nega ter recebido dinheiro do grupo. Disse que nunca recebeu nada da "quadrilha", como ele se refere, somente dados técnicos durante a campanha.
 
O ex-secretário disse ainda que, quando soube de suspeitas contra Barcellos, mandou retirá-lo da secretaria. O auditor disse aos promotores que pediu para sair porque estava cansado de "não fazer nada".
 
14 de novembro de 2013
 ROGÉRIO PAGNAN e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO - Folha de São Paulo

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