Artigos - Cultura
Notas de Olavo de Carvalho, organizadas por Felipe Moura Brasil (o "Pim")
Olavo de Carvalho: Quem quer que veja as fotos de uma bela mulher aos vinte e aos noventa anos entende imediatamente que Platão estava certo ao dizer que a beleza está na forma e não não na matéria, no eterno e não no corruptível. Mas a visão da forma deslumbra, sacode e hipnotiza o nosso corpo material de tal modo, que somos impelidos a agarrá-la materialmente, o que é tão impossível quanto segurar com as mãos um fio de água corrente.
Marcos Dutra:Há hoje um consenso que a beleza estética é objetiva e inclusive mensurável. Não há nada mais " forma" e menos matéria que uma relação matemática. Uma daquelas maravilhas que somente um Deus infinitamente criativo explica:http://www.goldennumber.net/beauty/Olavo de Carvalho: A idolatria do "sexo" aparece quando a beleza evanescente já nos escapou tantas vezes, que desistimos dela e passamos a buscar o êxtase sensorial por si, compulsivamente, como que vingando-nos em nós mesmos daquilo que fracassamos em alcançar.
Olavo de Carvalho: O fato de que nos estágios mais avançados da separação entre nós e a beleza até a mais extrema feiúra, o grotesco, a dor e o sofrimento possam servir de iscas para a busca do prazer sexual prova o que estou dizendo.
Olavo de Carvalho: O último estágio alcança-se quando o sujeito olha a foto do Punheteu e fica de pau duro.
Olavo de Carvalho: Mas um pouco antes de chegar a esse ponto o cidadão começa a achar que a bunda do Ghiraldelli é engraçadinha.
Olavo de Carvalho: No fim a coisa assume decisivamente o sentido de um ódio explícito à beleza, de um desejo incontido de destruí-la a todo preço e de proclamar a autonomia triunfante da pura e imotivada excitação corporal. É a estética dos clubes de sadomasoquismo e da Parada Gay.
Olavo de Carvalho: O fato mesmo de que algo da beleza juvenil possa ser restaurado por meios cirúrgicos exemplifica o que estou dizendo. A matéria é remoldada para imitar a forma extinta.
Olavo de Carvalho: É certo que existe uma beleza própria da velhice, mas é especificamente diferente da beleza natural inicial. Esta é uma criação de Deus e da natureza, pela qual não temos o menor mérito. A beleza da velhice reflete algo do espírito que se personalizou sob a forma de consciência individual e é em grande parte obra nossa.
Olavo de Carvalho: "Forma extinta" é expressão inadequada. A forma, enquanto tal, não se extingue. A matéria é que se corrompe e não consegue mais refleti-la adequadamente. A fotografia de uma bela jovem permanece bela, a jovem é que deixa de ser jovem.
Olavo de Carvalho: A beleza da velhice é um reflexo da personalidade, a da juventude é uma obra divina que a personalidade, se for sábia, se esforçará para imitar até à velhice. Uma vez recomendei a uma aluna muito bonita: "Olhe no espelho e tente levar uma vida que não desmereça o seu rosto." Olavo de Carvalho: Que as pessoas bonitas, homens ou mulheres, façam esta prece: "O Senhor deu-me uma beleza que não mereci. Que ao longo dos anos Ele me faça merecê-la."
Olavo de Carvalho: Os feios podem rezar: "Que o Senhor me ajude a conquistar por esforço próprio, ao longo da vida e sobretudo na velhice, a beleza que não recebi de graça na juventude."
Victor Grinbaum: Minha bisavó era medonha na juventude. Mas morreu com mais de 90 anos e era uma velhinha linda. Tem foto dela no meu álbum do Facebook.
Olavo de Carvalho: Até o Punheteu, se fosse sábio ou santo, irradiaria alguma beleza.
Olavo de Carvalho: A beleza das mulheres de quarenta ou cinqüenta anos tem um atrativo especial por causa da fragilidade que anuncia o seu desaparecimento iminente. É a beleza do crepúsculo vespertino, como que um último apelo à contemplação do perecível. Tem um elemento de urgência dramática que torna essas mulheres excepcionalmente atraentes.
Olavo de Carvalho: Já a beleza dos homens cinqüentões e sessentões tem algo a ver com a plenitude da personalidade que começa a realizar-se.Olavo de Carvalho: Talvez eu dê um curso de estética com esse programa. Mas o Maestro Bogs dirá que dar esse curso sem ter um diploma de esteticista é estelionato.
Rodrigo Dubal: Como disse o Mencken, "as mulheres, como os castelos e o pôr-do-sol, só atingem seu máximo de beleza quando tocadas pela decadência".
João Antônio Marra Signoreli: Professor Olavo, certa vez o senhor me recomendou (não sei se o senhor se lembra disso) o poeta Yeats. Yetas tem muitos poemas em que ele lamenta a perda da beleza da juventude, mas parece ser algo bem mais intenso e dramático que um velho querendo ser jovem. O que o senhor acha desse aspecto da poesia dele?
Olavo de Carvalho: "When you are old and gray and full of sleep..." É a melancolia do "fugit irreparabile tempus".
14 de novembro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário