Presidente americano diz que o mundo traçou 'linha vermelha' para armas químicas. Logo, é a credibilidade da comunidade internacional que está em jogo
O presidente Barack Obama na Suécia. Americano defendeu "resposta efetiva" contra regime sírio (Jewel Samad/AFP)
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quarta-feira que o mundo não pode ficar calado diante da barbárie na Síria. Em declarações dadas na Suécia após um encontro com o primeiro-ministro do país europeu, Fedrik Reinfeldt, Obama disse ainda que a credibilidade da comunidade internacional estará ameaçada caso não seja dada uma resposta contra o regime do ditador sírio Bashar Assad pelo uso de armas químicas em um massacre contra civis. O presidente americano segue agora para a Rússia, onde participa da reunião do G20.
Obama falou sobre a "linha vermelha" que traçou no ano passado para determinar uma intervenção americana na guerra civil síria: o uso comprovado de armas químicas. "Minha credibilidade não está em jogo, mas a da comunidade internacional", afirmou. "Eu não estabeleci a linha vermelha. O mundo o fez". E prosseguiu: "O mundo estabeleceu a linha vermelha quando os governos que representam 98% da população mundial assinaram um tratado proibindo o uso de armas químicas em guerras”, completou.
Obama classificou o ataque com armas químicas perpetrado na periferia de Damasco em 21 de agosto como “barbárie”. Relatório produzido pelos serviços de inteligência dos EUA afirmam que mais de 1.400 sírios morreram no ataque – 400 eram crianças. O presidente americano também afirmou que os Estados Unidos querem “ao lado da comunidade internacional” dar uma “resposta efetiva” para o uso de armas químicas na Síria.
Durante as declarações, o primeiro-ministro Reinfeldt, que defende que qualquer ação contra o regime sírio deve receber aval da ONU, permaneceu ao lado de Obama. "O primeiro-ministro e eu estamos de acordo com o fato que, diante de tal barbárie, o mundo não se pode ficar calado", disse Obama.
Por fim, o americano afirmou que acredita que o Congresso americano vai apoiar uma intervenção militar na Síria porque, segundo ele, “a América reconhece que, se a comunidade internacional falha em manter certas normas e padrões que estabelecem como países e pessoas interagem, o mundo se torna menos seguro”.
O Congresso americano vai discutir a questão na próxima semana. De acordo com a Casa Branca, a intervenção na Síria deve ser limitada e de curta duração, com o uso de mísseis ou bombardeios, e sem participação prolongada dos EUA na guerra civil que assola o país há mais de dois anos.
Limite - Na terça-feira, após sabatinar o secretário de Estado americano, John Kerry, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, a Comissão de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos divulgou uma prévia da resolução que determina que qualquer intervenção militar na Síria terá um limite de sessenta dias, com a possibilidade de Obama estender o prazo por mais trinta mediante uma notificação ao Congresso. Além disso, o documento exclui a opção de o presidente optar pelo envio de tropas terrestres durante a ofensiva contra alvos estratégicos do ditador Bashar Assad. A resolução pode ser votada ainda nesta quarta-feira.
Intervenções do ocidente que ocorreram sem aval da ONU
Caso os EUA e seus aliados decidam bombardear a Síria sem o apoio de uma resolução, não será a primeira vez que uma intervenção ocorre ignorando a ONU
A falta de aval
Reunião do Conselho de Segurança da ONU
Uma semana depois de terem surgido os primeiros indícios de um ataque com armas químicas na Síria, parece iminente a possibilidade de uma intervenção militar das potências ocidentais para punir o ditador sírio Bashar Assad. Se a decisão for tomada, é provável que os Estados Unidos e seus aliados bombardeiem o território sem um aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Entre os desafios para legitimar a ação estão a possibilidade de um veto da Rússia e da China – que são aliadas do ditador e tem o poder de bloquear qualquer resolução – e a morosidade costumeira da ONU– o secretário-geral Ban Ki-Moon já pediu mais tempo para o trabalho dos inspetores que estão na Síria e “mais diplomacia” para tratar a crise.
Se isso de fato ocorrer, não será a primeira vez que a falta de aval da ONU impede uma ação militar.
04 de setembro de 2013
Veja
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