A 8 de dezembro de 1941, um dia após o ataque à base americana de Pearl Harbour pela marinha japonesa, numa ação ousada e presumivelmente inesperada, o então presidente Franklin D. Roosevelt, do partido Democrata, solicitou, através de um discurso inflamado, autorização do Congresso para declarar guerra ao Japão.
O mundo já estava em conflito e a resposta dos congressistas foi imediata e natural.
Tratava-se de uma situação que dava pouca margem a dúvidas, já que o inimigo estava perfeitamente definido e a opinião pública totalmente motivada e traumatizada pela agressão .
72 anos após, um outro presidente americano, encarnando a imagem de xerife do mundo, também democrata, prepara-se para atacar um país sobre cujo governo pesa a responsabilidade de ter empregado armas químicas, proibidas por tratado internacional, contra a população civil.
Assim como ocorreu em 1941, a ação espera autorização do Congresso, mas agora sem um apoio majoritário da opinião pública.
Hoje, o alvo do ataque, a Síria, não é inimigo declarado do povo americano, não praticou ações inesperadas contra nenhuma parte do território pátrio e luta contra outro possível inimigo que ninguém sabe identificar, que usa armas fornecidas não se sabe exatamente por quem mas que consegue também manejar armamento químico.
É evidente, portanto, que a situação de Barack Obama é infinitamente mais desconfortável que a de Roosevelt, mesmo porque o mundo 72 anos depois está irreconhecível.
A sua perplexidade e tíbia convicção são inequívocas para um observador que se disponha a analisar atentamente sua expressão facial nas aparições na TV.
Ao contrário do velho democrata que dispôs das condições ideais para amalgamar toda a sociedade americana, o atual presidente só procura desesperadamente por uma cumplicidade.
Que suas escolhas como político sejam razoáveis e que, da sua solidão, se originem decisões que visem ao alcance da melhor paz possível.
04 de setembro de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
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