'O governo não consegue segurar o médico'
José Washington dos Santos Júnior, cardiologista que desistiu do Mais Médicos
Formado há 15 anos, o cardiologista José Washington dos Santos Júnior, de 42, está na lista dos brasileiros que desistiram do Mais Médicos. Escalado para trabalhar com atenção básica em Santa Bárbara d'Oeste, região de Americana, no interior paulista, ele abdicou do emprego no setor público para continuar atuando com planos de saúde ou mesmo atendendo pacientes particulares. Em Ribeirão Preto, onde mora com a família, o cardiologista cobra até R$ 300 por uma consulta. O especialista diz que sua saída se deve à falta de atrativos do programa federal.
O senhor é cardiologista. Por que se inscreveu no programa?
Perdi muitos pacientes nos últimos meses porque o convênio em que trabalhava me descredenciou de uma hora para outra. Precisava trabalhar e não sabia que o programa era direcionado a clínicos.
O senhor escolheu a cidade?
Na inscrição, marquei Passos, em Minhas Gerais, como primeira opção, por ficar a cerca de 100 km da minha casa. Mas fui direcionado para Santa Bárbara d'Oeste, onde acredito que não teria boas condições de trabalho. Então, desisti.
Foi um boicote ao programa?
Não, no início eu queria mesmo participar. Mas não há estrutura. Falta tudo no sistema público, desde móveis até medicamentos e receituários. O resultado é que o médico fica frustrado por não obter os resultados esperados. E não há plano de carreira. O contrato dura três anos, sem garantias. Assim, o governo não consegue segurar o médico.
Onde o senhor trabalha hoje?
Eu me divido entre um consultório particular em Ribeirão Preto e outro, de convênio, em Salvador, na Bahia.
E o salário oferecido? Consegue prender um médico?
Para um médico que estuda, pesquisa para evoluir, R$ 10 mil é uma miséria.
04 de setembro de 2013
Adriana Ferraz - O Estado de S.Paulo
O senhor é cardiologista. Por que se inscreveu no programa?
Perdi muitos pacientes nos últimos meses porque o convênio em que trabalhava me descredenciou de uma hora para outra. Precisava trabalhar e não sabia que o programa era direcionado a clínicos.
O senhor escolheu a cidade?
Na inscrição, marquei Passos, em Minhas Gerais, como primeira opção, por ficar a cerca de 100 km da minha casa. Mas fui direcionado para Santa Bárbara d'Oeste, onde acredito que não teria boas condições de trabalho. Então, desisti.
Foi um boicote ao programa?
Não, no início eu queria mesmo participar. Mas não há estrutura. Falta tudo no sistema público, desde móveis até medicamentos e receituários. O resultado é que o médico fica frustrado por não obter os resultados esperados. E não há plano de carreira. O contrato dura três anos, sem garantias. Assim, o governo não consegue segurar o médico.
Onde o senhor trabalha hoje?
Eu me divido entre um consultório particular em Ribeirão Preto e outro, de convênio, em Salvador, na Bahia.
E o salário oferecido? Consegue prender um médico?
Para um médico que estuda, pesquisa para evoluir, R$ 10 mil é uma miséria.
04 de setembro de 2013
Adriana Ferraz - O Estado de S.Paulo
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