Inflação resistente, dólar valorizado e expectativas tímidas para o crescimento econômico terão impacto sobre a geração de emprego nos próximos meses
O indicador coincidente de desemprego (ICD), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve queda de 2,3% em agosto, na comparação com o mês anterior. O resultado sinaliza acomodação após forte alta observada em julho, de 7,2%. Apesar disto, para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, responsável pela pesquisa, o recuo em agosto não elimina a tendência de elevação no ICD no futuro.
O ritmo de geração de vagas, segundo Barbosa, também está mais lento que o observado anteriormente.
— Estava-se gerando 4% [de vagas] em ritmo anualizado, agora [esse número está entre] 2% ou 3%, isso significa que [o mercado] está absorvendo menos gente — concluiu.
Dólar, inflação e baixo crescimento
Inflação resistente, dólar valorizado e expectativas tímidas para o crescimento econômico terão impacto sobre a geração de emprego nos próximos meses, avalia Barbosa Filho, que também é responsável pelo indicador antecedente de emprego (IAEmp), medido pela FGV. De acordo com Barbosa, a expectativa para o fim do ano, e até para 2014, é ruim em função desses fatores que permeiam a economia do país.
— O mercado de trabalho perdeu um pouco o seu glamour, mas nada impede uma melhora, porque é normal que, em anos eleitorais, [os governos] tomem medidas para tornar a economia um pouco mais aquecida — ponderou o economista da FGV.
Segundo ele, a tendência ainda é de elevação no índice de desemprego do país.
— O mercado de trabalho devolveu parte do desemprego observado em julho, afetado pelas manifestações, mas o mercado de trabalho ainda está gerando vaga em ritmo mais lento do que antes e com tendência de deterioração — disse.
Em agosto o IAEmp avançou 2,6%, na comparação com o mês anterior, depois de cair 1,3% e 5,7% em junho e julho, respectivamente. Barbosa explicou que é natural o governo tentar estimular a economia no ano que vem, mas reitera que já foi desfeita a expectativa de que o mercado de trabalho continue a bater recordes.
A expectativa do economista é que o mercado de trabalho feche o ano com nível de desemprego similar ao observado no ano passado, quando fechou em 5,5%, melhor resultado da história. Ainda assim, ele volta a dizer que, apesar de um bom número, a tendência de criação de vagas e de retenção do mercado de trabalho já se inverteu.
A previsão da FGV, apontou Barbosa, é de um Produto Interno Bruto (PIB) para este ano ainda mais fraco - a despeito da melhora do PIB observada no segundo trimestre.
— Então, se juntar os dados do mercado de trabalho e da economia de uma forma geral, parece que o fim do ano não será tão positivo quanto foi no ano passado, por isso a perspectiva também é de desempenho mais baixo para 2014 — concluiu.
10 de setembro de 2013
Valor Online
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