Suposta espionagem não é só dos EUA, envolve China e escancara amadorismo do PT em matéria de defesa cibernética.
Hoje o jornal O Globo, da mesma empresa jornalística que vem fazendo as reportagens-show sobre a suposta espionagem americana, faz uma crítica contundente ao Governo Federal. Parece que o feitiço começa a virar contra a feiticeira.
Leia abaixo:
Desde julho, quando O GLOBO publicou as primeiras informações sobre as operações da NSA na América Latina, sabe-se que o Brasil é um país de portas abertas à espionagem. Na época, o governo Dilma Rousseff anunciou investigações de "denúncias de envolvimento de empresas" com a espionagem e, também, sobre as "vulnerabilidades" das redes e equipamentos pelos quais fluem os dados produzidos no país. Passaram-se dois meses e não há informação sobre resultados, nem mesmo sobre o que efetivamente esteja sendo feito, ou se pensa em fazer, para proteção do sigilo de dados dos cidadãos, do governo e das empresas.
A iniciativa pública limitou-se, até agora, a pedidos de "explicações" a Washington, secundados pela retórica diplomática sobre a conveniência de um debate nas Nações Unidas. Prevalecem insuficiências objetivas. Uma delas é a indecisão sobre o papel da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na eventual política de defesa cibernética, da qual só existe um breve rascunho.
O banco de dados da Anatel registra um crescimento de "incidentes/ ataques", como ela mesmo define, nas redes de telecomunicações em Curitiba (2012), na Bahia (2010/2011) e em São Paulo (2008/2009). Possui, também, informações sobre uma "sequência de ataques ao governo", a partir do dia 22 de junho de 2011. Não significa, necessariamente, que governos de outros países sejam responsáveis - embora se atribua à China a façanha de ter "desviado" cerca de 15% do volume de tráfego mundial da internet em 2010.
Os registros oficiais brasileiros confirmam a dimensão da vulnerabilidade do país e demonstram a profundidade da miopia governamental. Exemplar é o uso da fatia do orçamento federal aprovada para investimento na construção de um sistema nacional de "defesa contra ameaças" cibernéticas e para produção de "mecanismos de proteção de dados sensíveis". No ano passado, de cada R$ 100 aprovados para esse programa, somente R$ 31 foram usados. Neste ano, até junho, de cada R$ 100 previstos, só haviam sido gastos R$ 8.
Na liderança política de um país que mantém a quase totalidade do seu fluxo de dados via internet - sem infraestrutura de redes, cabos submarinos ou satélites próprios-, tem 90% do seu comércio feito por linhas marítimas e produz no mar 80% do seu petróleo, Dilma Rousseff parece ter optado pelo "samba" de uma nota só: reclamar de Barack Obama. Como a fila é grande, talvez precise de senha não-criptografada.
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