Confesso que viajei ao passado ao ler o artigo de Rodrigo Botelo Montoya, ex-ministro da Fazenda da Colômbia, sobre o filme “Casablanca”, com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, do diretor Michael Curtis, um fugitivo do nazismo. Me emocionei ao lembrar, em 1943 a sessão no cinema Carioca, Tijuca, hoje um templo da Igreja Universal. Principalmente no momento em que Bogart, no Rick’s Bar, manda tocar a Marselhesa e a plateia aplaude levantando-se das cadeiras. Dois anos depois, em 1945 o nazismo de Hitler desabava. Mas a direita que ele representava ao extremo, continua existindo. Adotou disfarces. Um deles reside na questão do emprego e do salário, conflito que aguarda uma solução que harmonize o futuro da humanidade.
Certa vez, numa entrevista, o ator e diretor Daniel Filho afirmou que quem não gosta de “Cantando na Chuva”, “Sinfonia em Paris” e “Amacord”, não gosta de cinema. Eu acrescento “Casablanca” de Michael Curtis.
EMPREGO E SALÁRIO – Mas vamos ao tema em que a direita se representa bem: emprego e salário. Não só a direita, mas a falsa esquerda também e os esquerdistas que passam para a direita quando chegam ao poder, como é o caso de Lula no Brasil, de Mauricio Macri na Argentina, e de Emanuel Macron na França. As colorações divergem, os caminhos podem iludir, mas no fundo da questão encontra-se a concentração de renda.
Não se trata de distribuir a riqueza e a produção que ela proporciona em partes iguais. Isso não existe, é uma utopia. Porém se trata de dividir, digamos, 10% dos lucros, mesmo em partes desiguais, mas suficientes para acabar com a fome e a miséria.
CORRUPÇÃO – Nada mais concentrador de renda do que o maremoto de corrupção desencadeado nos governos Lula, Dilma e Temer. O mercado do emprego no Brasil desabou. Com ele a renda salarial. Isso é inegável. E não se trata apenas do índice de desemprego, temos que somar a ele o percentual de não emprego.
Para compreender a convergência entre um fator e outro, deve se ler a reportagem de Henrique Gomes Batista, correspondente de O Globo em Nova Iorque, a respeito do crescimento da economia americana no decorrer dos dois governos de Obama.
A reportagem, assim como o artigo sobre “Casablanca”, saiu na edição de ontem de O Globo. A expansão da economia americana está condicionada e avança lado a lado com a queda do desemprego.
ALTA DO PIB – Barack Obama assumiu quando ele se encontrava na escala de 9% da população ativa. No final de seu governo o desemprego caiu para 2,8%. Por isso, o Produto Interno Bruto dos EUA sobe à velocidade também de 2,9%a/a. Quase o triplo da taxa demográfica. A comparação é inevitável porque se o desemprego é baixo, o novo emprego cresce, e quando o desemprego é alto, o não emprego sobe.
O que é o não emprego? É aquele que atinge os jovens que chegam a idade de trabalhar e não encontram colocação. A população brasileira cresce à razão de 1%a/a, já descontada a taxa de mortalidade que é de 0,7%para cada 12 meses.
O desemprego é estatisticamente comprovado. O não emprego é algo a ser traduzido em números pelo IBGE. No Brasil os dois patamares são muito altos. Não se vê solução à vista.
02 de janeiro de 2018
Pedro do Coutto
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