Veio a pá de cal sobre o PT, temida pelo PT e companheiros, aguardada pela opinião pública. A carta de Palocci (o italiano) não foi um testamento, no máximo um legado de quem deixa motivadamente a agremiação, mas também um libelo. Sentiu-se seu signatário esquecido, traído em sua dedicação ao partido, às metas ou anseios políticos pelos quais empunhara, juntamente com Lula et caterva, a bandeira de um socialismo à brasileira. Por ele, com uma visão errática da administração pública e das prioridades nacionais, arquitetaram seus teóricos uma longa permanência no poder. Erros sobre erros, e cegos diante, até certo ponto, de uma segura impunidade, os jacobinos brasileiros atuaram, principalmente os líderes, com audácia e temeridade. Seus passos, na satisfação de ambições pessoais e de grupos foram largos, além do que registra a história política do país. Causaram um redemoinho inusitado que as revelações e sucessivas delações transformaram em verdadeiro tsunami, que engoliu líderes, liderados e simpatizantes, até a própria legenda.
O depoimento de Palocci ganha em importância quando qualifica o chefão de suposta “divindade”, e, pelos que acolitam Lula, tem-se a impressão de que seus sectários, realmente, o tem além dos erros e pecados, infenso e protegido de qualquer falta, aproximando-o de um exemplo de cidadão.
Os brasileiros sabem que o ex-presidente não é nada disso. Nem também é o cara, como muitos pensavam. Muito antes de uma divindade, Lula é um querubim decaído e se debatendo no fogo e nas cinzas, tentando levantar-se da acusação de que o PT é uma seita - para completar – uma seita satânica, tal o mal que seu governo causou aos brasileiros. A densidade do relatório de Palocci na enumeração das malasartes e trapalhadas de Lula e Dilma é reconhecida e irrefutável, na medida em que falou sem constrangimentos ou pressões, vale dizer, expôs a verdade, livre e consciente.
Lula não pode mais repetir a inocência que apregoa a todo momento. Palocci, com a coragem de assinar aquele documento queimou todos os navios, os seus, os de Lula e os do PT.
O PT desmoronou-se, desfez-se como um torrão de sal e, com a autoridade de Palocci, que os petistas melhor reconhecem, por seu nível intelectual e sua participação decisiva na história do partido desde sua árdua mas gloriosa fundação, aliado incondicional de Lula e Dilma nos 11 anos de governo, a agremiação não mais possui força para reerguer-se. As ofensas contínuas à moralidade solaparam os propósitos e a credibilidade de todo o governo, cujos nomes, sim, compuseram uma organização criminosa. Uma nova carga de chumbo virá, talvez a da misericórdia, mas devastadora, e selará o enterro do PT. A agonia será lenta, mas inoperante, até o suspiro final. Sobrevirão as lágrimas, a mágoa e a vergonha. A história está recheada de exemplos daqueles que combateram e disputaram o poder pelo poder, junto às mentiras, à cobiça, ao orgulho, à solércia, às tramas, aos conluios espúrios. Por tudo isso a serena confissão de Palocci está acima de dúvidas e contestações, exprime a verdade dos fatos, e só a verdade, por ele escolhida como a melhor vertente. Reconhecê-la, agora, será gesto de grandeza de Lula e companheiros. É só o que resta a ele fazer pelo Brasil.
O ambicioso projeto de Lula e seguidores está inapelavelmente enterrado.
30 de setembro de 2017
José Maria Couto Moreira é advogado.
O depoimento de Palocci ganha em importância quando qualifica o chefão de suposta “divindade”, e, pelos que acolitam Lula, tem-se a impressão de que seus sectários, realmente, o tem além dos erros e pecados, infenso e protegido de qualquer falta, aproximando-o de um exemplo de cidadão.
Os brasileiros sabem que o ex-presidente não é nada disso. Nem também é o cara, como muitos pensavam. Muito antes de uma divindade, Lula é um querubim decaído e se debatendo no fogo e nas cinzas, tentando levantar-se da acusação de que o PT é uma seita - para completar – uma seita satânica, tal o mal que seu governo causou aos brasileiros. A densidade do relatório de Palocci na enumeração das malasartes e trapalhadas de Lula e Dilma é reconhecida e irrefutável, na medida em que falou sem constrangimentos ou pressões, vale dizer, expôs a verdade, livre e consciente.
Lula não pode mais repetir a inocência que apregoa a todo momento. Palocci, com a coragem de assinar aquele documento queimou todos os navios, os seus, os de Lula e os do PT.
O PT desmoronou-se, desfez-se como um torrão de sal e, com a autoridade de Palocci, que os petistas melhor reconhecem, por seu nível intelectual e sua participação decisiva na história do partido desde sua árdua mas gloriosa fundação, aliado incondicional de Lula e Dilma nos 11 anos de governo, a agremiação não mais possui força para reerguer-se. As ofensas contínuas à moralidade solaparam os propósitos e a credibilidade de todo o governo, cujos nomes, sim, compuseram uma organização criminosa. Uma nova carga de chumbo virá, talvez a da misericórdia, mas devastadora, e selará o enterro do PT. A agonia será lenta, mas inoperante, até o suspiro final. Sobrevirão as lágrimas, a mágoa e a vergonha. A história está recheada de exemplos daqueles que combateram e disputaram o poder pelo poder, junto às mentiras, à cobiça, ao orgulho, à solércia, às tramas, aos conluios espúrios. Por tudo isso a serena confissão de Palocci está acima de dúvidas e contestações, exprime a verdade dos fatos, e só a verdade, por ele escolhida como a melhor vertente. Reconhecê-la, agora, será gesto de grandeza de Lula e companheiros. É só o que resta a ele fazer pelo Brasil.
O ambicioso projeto de Lula e seguidores está inapelavelmente enterrado.
30 de setembro de 2017
José Maria Couto Moreira é advogado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário