A nova pesquisa CNI-Ibope revelou que apenas 3% dos brasileiros aprovam o governo de Michel Temer. Neste seleto grupo está o deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB de Minas Gerais. Aos 87 anos, o tucano vai relatar a nova denúncia contra o presidente. Seu voto é mais previsível que a chegada do Natal em dezembro. Andrada defenderá o arquivamento das acusações por organização criminosa e obstrução da Justiça.
Foi o que ele fez em agosto, quando a Câmara rejeitou a primeira denúncia contra Temer. Ao dar o “sim” ao Planalto, o deputado disse votar “a favor das instituições e do progresso do Brasil”.
PERSEGUIÇÕES – Aliado de Aécio Neves, o tucano tem uma visão peculiar sobre os escândalos de corrupção que fazem o governo quebrar recordes de reprovação. Ele diz que o presidente é perseguido pela imprensa, que divulgaria “fatos equivocados” para prejudicá-lo. “As emissoras de televisão, como quase todos os jornais, fizeram críticas repetitivas, às vezes exageradas contra Temer. E outras desrespeitosas e sem concordância real com os fatos”, escreveu, no mês passado.
O texto é longo, mas não faz uma única menção às malas de dinheiro, às gravações do presidente com um empresário corrupto ou às negociatas para salvá-lo na Câmara.
JÁ ESTÁ ACOSTUMADO – No décimo mandato seguido na Câmara, Andrada já está acostumado a abraçar causas impopulares. Em 1984, ele faltou à votação da Emenda das Diretas, ajudando a ditadura militar a derrubá-la. No ano seguinte, votou em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. Mais recentemente, discursou contra o afastamento de Renan Calheiros, a prisão do deputado Celso Jacob e o cumprimento de um mandado de buscas no Senado.
Antes da votação da primeira denúncia, perguntei a Andrada se havia chance de surpresas. Ele disse que Temer podia dormir tranquilo e defendeu os colegas que negociavam benesses com o governo. “Os deputados não são santos porque o povo também não é santo”, ironizou.
30 de setembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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