Governo na nação tupiniquim é cinismo, nada além de cinismo. Esta virtude maquiaveliana, originariamente europeia, não está presente no mundo europeu, principalmente entre os nórdicos, muito pra lá do Atlântico. Aliás, lembrando Machiavel, o Michel não está perfilando o figurino daquele mago de Florença, que cunhou o epigrama de que a maldade deve ser feita toda de vez, enquanto as bondades devem sobrevir em gotas. É assim que os príncipes são amados, e não, temidos, como queria a doutrina. Aqui, o cinismo é quase preceito de como manter a posição conquistada. As trincheiras estão sempre voltadas contra o eleitor, que conduziu os protagonistas desta pantomima chamada governo.
Os acontecimentos políticos no país não conseguem acalmar os espíritos, que, a cada dia, mais se surpreendem. A afirmativa do ministro da Fazenda e do próprio presidente, ao assumirem os rumos do governo, era de que não se admitiria o aumento de impostos, velha e já apodrecida estratégia dos governantes desalmados. Parecia que o compromisso, então, seria cumprido. Contudo, não passou de balela, como estamos certos de que novas surpresas antipovo serão engenhadas.
Tudo faz crer, a esta altura, é que não carecemos de ministro de fazenda, mas alterem-se as diretrizes e finalidades daquele órgão muito enfraquecido por uma nova ordem, uma nova ação e um novo ministério, o Ministério da Economia, que estaria presente com nova inspiração. A este estaria afeto o rumo da economia no atacado, não mais cuidando de arrecadação ou de equilíbrio fiscal, mas de orientação e guia gerais para a economia nacional, na mesa o exame, discussão e linhas de atuação setorizadas visando o desenvolvimento nacional equilibrado, estimulando o empreendedorismo, em plantão permanente a intervir em resultados inesperados.
A economia em metas, e suas consecuções, constituiria o vértice de nossa pirâmide de gestão das atividades econômicas, e o novo ministério coordenaria a tutela de nossos superiores interesses econômicos, condizentes sempre com nossa soberania. Não mais perduraria a preocupação, o costume, o varejo e nem o viés que caracteriza o atual ministério da Fazenda em preocupar-se com processos de arrecadação, multas e outros expedientes menores que consomem a ação ministerial e reduzem a boa execução de políticas públicas de desenvolvimento. O que mantém o atual ministério da Fazenda é um poder solerte e calado exercido pelos bancos que para lá encaminham só gestores afinados com os seus interesses. Um ministério da economia já não mais teria lá um representante dos banqueiros, mas um cientista social, um agente público igualmente interessado na política bancária que melhor serve ao país mas empenhadamente voltado para a macrogestão econômica.
É possível que o governo esteja seguindo aquela máxima de Nelson Rodrigues (o Nelson também produzia máximas, e vale a paráfrase) segundo a qual o cinismo no governo é como o cinismo no casamento, que o redime ...
24 de julho de 2017
José Maria Couto Moreira é advogado.
Os acontecimentos políticos no país não conseguem acalmar os espíritos, que, a cada dia, mais se surpreendem. A afirmativa do ministro da Fazenda e do próprio presidente, ao assumirem os rumos do governo, era de que não se admitiria o aumento de impostos, velha e já apodrecida estratégia dos governantes desalmados. Parecia que o compromisso, então, seria cumprido. Contudo, não passou de balela, como estamos certos de que novas surpresas antipovo serão engenhadas.
Tudo faz crer, a esta altura, é que não carecemos de ministro de fazenda, mas alterem-se as diretrizes e finalidades daquele órgão muito enfraquecido por uma nova ordem, uma nova ação e um novo ministério, o Ministério da Economia, que estaria presente com nova inspiração. A este estaria afeto o rumo da economia no atacado, não mais cuidando de arrecadação ou de equilíbrio fiscal, mas de orientação e guia gerais para a economia nacional, na mesa o exame, discussão e linhas de atuação setorizadas visando o desenvolvimento nacional equilibrado, estimulando o empreendedorismo, em plantão permanente a intervir em resultados inesperados.
A economia em metas, e suas consecuções, constituiria o vértice de nossa pirâmide de gestão das atividades econômicas, e o novo ministério coordenaria a tutela de nossos superiores interesses econômicos, condizentes sempre com nossa soberania. Não mais perduraria a preocupação, o costume, o varejo e nem o viés que caracteriza o atual ministério da Fazenda em preocupar-se com processos de arrecadação, multas e outros expedientes menores que consomem a ação ministerial e reduzem a boa execução de políticas públicas de desenvolvimento. O que mantém o atual ministério da Fazenda é um poder solerte e calado exercido pelos bancos que para lá encaminham só gestores afinados com os seus interesses. Um ministério da economia já não mais teria lá um representante dos banqueiros, mas um cientista social, um agente público igualmente interessado na política bancária que melhor serve ao país mas empenhadamente voltado para a macrogestão econômica.
É possível que o governo esteja seguindo aquela máxima de Nelson Rodrigues (o Nelson também produzia máximas, e vale a paráfrase) segundo a qual o cinismo no governo é como o cinismo no casamento, que o redime ...
24 de julho de 2017
José Maria Couto Moreira é advogado.
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