Se fosse comprar, hoje, uma passagem aérea do Rio de Janeiro para Curitiba — com ida e volta no dia 9 de março, sem escalas —, Paulo Roberto Costa teria de despender cerca de R$ 500, no máximo, comparando-se tarifas das principais companhias do setor. O valor é simbólico perto dos R$ 79 milhões que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras desviou da estatal para contas no exterior.
Ainda assim, sua defesa afirma que em razão de “graves dificuldades financeiras”, ele não poderá comparecer a uma audiência neste dia, conforme convocação da Justiça, para depor como testemunha de acusação em processo da operação Calicute. O que parece pouco plausível é verdade: Costa está com o nome sujo no SPC/Serasa, de acordo com dados obtidos pelo Globo em órgãos de proteção ao crédito.
PROTESTOS DE DÍVIDAS – Somente no período compreendido entre dezembro de 2015 e fevereiro presente, o primeiro delator da Operação Lava-Jato recebeu quatro protestos de dívidas acumuladas no Rio e em São Paulo, sendo que uma delas está associada ao Banco do Nordeste do Brasil. A mais recente foi protestada na última segunda-feira, no valor de R$ 18.569; outra delas, cuja notificação completará um ano amanhã, chega a R$ 20.350. E uma terceira, também de 2016, não chega a ser irrisória como a viagem de avião, mas chega perto: R$ 894.
Condenado por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o engenheiro mecânico segue com suas contas bancárias ainda bloqueadas. Além do montante de dinheiro que precisou devolver, ele perdeu carros e uma lancha, posteriormente anunciada por R$ 1,4 milhão em um leilão. Entre os automóveis, um Range Rover Evoque, avaliado em R$ 250 mil, foi presente do doleiro Alberto Yousseff, de acordo com a investigação da Polícia Federal.
MULTAS DE TRÂNSITO – De junho do ano passado para cá, Costa recebeu quatro multas e nem essas foram pagas, sendo que elas somam cerca de R$ 500 no total. A mais baixa custa R$ 85,13; e a mais alta, R$ 191,54. Todas elas são atribuídas a outro carro, um Hyundai Tucson. O modelo do ano gira entre R$ 138.900 e R$ 159.600, dependendo da versão. As infrações cometidas vão desde avançar o sinal vermelho e transitar em faixa ou via exclusiva de transporte público a andar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%.
Ter o nome sujo e a vida esplanada é de deixar qualquer empresário com a dignidade no chão, especialmente este que era sócio em seis empresas — em uma delas, majoritário — e agora mantém por um fio apenas a Refinaria de Petróleo Capixaba, da qual detém 1% de participação.
EM ITAIPAVA – A vida de luxo ficou mesmo para trás. Fazem parte dela o condomínio onde Costa tem residência em Itaipava, na Região Serrana, cujo terreno alcança 3,5 milhões de metros quadrados, em vasta área verde. Para morar lá, ele pagava uma taxa média mensal de R$ 1.500. Uma de suas residências no Rio fica no condomínio Rio Mar IX, na Barra da Tijuca (Rua Ivaldo de Azambuja). Com a mulher, duas filhas e dois genros ele chegou a incorporar treze imóveis na cidade, além de salas comerciais.
Nesta quinta-feira, Moro atendeu o pedido de Paulo Roberto Costa, que se diz “pobre e falido”, para realizar o encontro da Lava-Jato por videoconferência. É esperado que ele se pronuncie contra o ex-governador Sérgio Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo e mais 11 pessoas que respondem por corrupção e lavagem de dinheiro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A matéria é muito interessante, mas falta uma informação. A aposentadoria de Paulo Roberto Costa também estaria “bloqueada”? Essa possibilidade não existe. Sua aposentadoria pela Petros deve ser de R$ 80 mil mensais, algo por aí. Essa autofalência precisa ser melhor explicada e investigada. Desse jeito, ele perde a delação e volta para a cadeia. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A matéria é muito interessante, mas falta uma informação. A aposentadoria de Paulo Roberto Costa também estaria “bloqueada”? Essa possibilidade não existe. Sua aposentadoria pela Petros deve ser de R$ 80 mil mensais, algo por aí. Essa autofalência precisa ser melhor explicada e investigada. Desse jeito, ele perde a delação e volta para a cadeia. (C.N.)
17 de fevereiro de 2017
Jéssica Lauritzen
O Globo
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