A Odebrecht estudou mais de duas dezenas de imóveis para construir uma nova sede do Instituto Lula, além de um projeto de reforma da atual. Entre os imóveis está uma mansão na Avenida República do Líbano, de 1.385 metros quadrados, em Moema. A área nobre é perto do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
A informação faz parte da defesa de Paulo Melo, executivo regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias e Participações (OR), encarregado de analisar o imóvel da Rua Dr. Haberbeck Brandão, em Indianópolis. Os advogados de Melo argumentam que ele apenas cumpriu ordens de Marcelo Odebrecht para avaliar locais onde o Instituto pudesse ser instalado, sem saber da possibilidade de uso de dinheiro de propina.
MAIS ONZE OPÇÕES – “Conforme conversamos, segue em anexo apresentação com 11 novas opções de prédios comerciais. Depois das reuniões que tivemos com os interessados, foi possível entender bem a necessidade e o perfil de imóvel que estão buscando. De todos imóveis que fui visitar, acredito muito na viabilidade de aquisição do imóvel da República do Líbano 543. Trata-se de uma casa imponente com área construída de 1.385m² distribuídos em um terreno de 1.029m², com ambientes grandes, localização incrível, divisa com o Parque do Ibirapuera, com vista para o lago. Acredito que não gastaríamos muito para reformar a casa, pois já estava com utilização comercial. Gostei muito do imóvel e gostaria de visitar o mesmo contigo”, diz um e-mail enviado por um dos executivos da OR.
Na resposta à acusação, os advogados dizem que Melo foi convocado por Marcelo Odebrecht e recebeu dele a determinação para achar um imóvel que seria usado como futura sede do Instituto Lula e informou que a compra seria feita pela DAG, que pertence a Dermerval Gusmão, amigo do empresário. Marcelo teria dito ainda que a compra seria feita em nome da DAG “para prevenir desnecessária exposição midiática”, visto que, na época, Lula ainda era presidente da República.
JAMAIS DOADO – Segundo os advogados, Marcelo Odebrecht afirmou que o imóvel seria vendido ou alugado ao Instituto Lula, “jamais doado”, e que Melo não teria condições de desconfiar de um presidente com altíssimos níveis de popularidade na época. Não recaia sobre ele qualquer tipo de suspeita.
Marcelo Odebrecht, diz o documento, mandou que ele falasse com Roberto Teixeira, advogado e amigo do ex-presidente Lula, que já havia localizado imóvel de interesse na Rua Dr. Haberbeck Brandão.
A propriedade da Rua Dr. Haberbeck Brandão foi adquirida pela DAG. Segundo Melo, o Instituto Lula rejeitou o prédio e, a partir de então, a equipe da OR “estudou mais de duas dezenas de outros imóveis para viabilizar o mesmo negócio”.
VANTAGEM INDEVIDA – Na ação, o Ministério Público Federal expõe que, como parte de acertos de propinas de contratos da Petrobras, o Grupo Odebrecht teria oferecido ao ex-presidente vantagem indevida, de cerca de R$ 12 milhões de reais, com a compra do imóvel da Rua Dr. Haberbeck Brandão.
O Instituto Lula informa que funciona em sobrado adquirido em 1991 pelo Instituto Cidadania e que só considerou construir um prédio quando apresentou a proposta do Memorial da Democracia, em 2012.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A situação de Lula da Silva (réu em cinco processos) se complica cada vez mais. Essa delação do corretor confirma lavagem de dinheiro em duas situações – no caso do Instituto Lula e também no caso da cobertura vizinha em São Bernardo, que Lula simulou alugar para duplicar sua residência. Como se sabe, a mesma empresa laranja da Odebrecht, a DAG, marca presença nas duas investigações. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A situação de Lula da Silva (réu em cinco processos) se complica cada vez mais. Essa delação do corretor confirma lavagem de dinheiro em duas situações – no caso do Instituto Lula e também no caso da cobertura vizinha em São Bernardo, que Lula simulou alugar para duplicar sua residência. Como se sabe, a mesma empresa laranja da Odebrecht, a DAG, marca presença nas duas investigações. (C.N.)
17 de fevereiro de 2017
Cleide Carvalho
O Globo
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