Os senadores que vão sabatinar Alexandre de Moraes para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal nesta terça (21) não vão poder aprofundar os detalhes que aparecem sobre ele na Operação Acrônimo: a documentação está sob sigilo. A Polícia Federal apreendeu no ano passado documentos na JHSF, empresa do setor imobiliário, que citam o pagamento de R$ 4 milhões entre 2010 e 2014 ao ministro licenciado da Justiça.
O sigilo foi decretado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e mantido em setembro do ano passado por Luiz Fux, ministro do Supremo.
Moraes é foco de uma petição aberta no STF, mas os senadores não têm como confirmar por que isso ocorreu nem saber se há investigação em andamento.
SEM INFORMAÇÕES – O nome ou as iniciais de Moraes não estão disponíveis para consulta pública no sistema de acompanhamento processual do STF como associados à petição. Na petição número 6.300 o campo destinado ao “requerente”, o investigado, foi substituído pela expressão “sob sigilo”.
Em 7 de outubro passado, a Folha revelou a existência da petição sobre Moraes. Ela passou a tramitar no tribunal em 14 de setembro. Em agosto, a PF havia apreendido planilhas na sede da JHSF que mostravam pagamentos de R$ 4 milhões ao escritório do ministro de 2010 a 2014, em período em que não exerceu cargo público.
Até junho de 2010, porém, Moraes foi secretário de Transportes do prefeito Gilberto Kassab e tinha sob sua área questões de interesse da JHSF, como compensações viárias que a empresa deveria fazer no shopping Tucuruvi.
SEM OUVIR JANOT – No dia da reportagem, o ministro da Justiça afirmou, por meio de sua assessoria, que Fux já havia determinado o arquivamento do caso. A reportagem apurou que o ministro do STF tomou a medida de forma monocrática e sem ouvir a Procuradoria, diferentemente da praxe.
Ao tomar a decisão, Fux citou precedentes e previsão legal e considerou que as explicações da JHSF, de que se tratava de pagamento de honorários advocatícios, eram suficientes para o arquivamento.
Três dias depois da reportagem, Fux determinou que a Procuradoria fosse informada sobre o caso.
AINDA SOB SIGILO – A Procuradoria, no entanto, diz que não pode comentá-lo por estar sob sigilo, mesma postura do Supremo, e que recebeu a petição em 6 de fevereiro.
Moraes diz que não é nem foi investigado e não pode comentar os serviços que prestou à JHSF por ter assinado uma cláusula de confidencialidade. A empresa usa esse mesmo argumento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Importantíssima matéria de Rubens Valente e Mario Cesar Carvalho, dois grandes repórteres da Folha. Mostra que o Senado vai aprovar a indicação de um ministro que está sob risco de ser investigado pelo tribunal do qual fará parte. E se a Procuradoria pedir a investigação sobre ele e o sistema de distribuição do Supremo sortear Moraes como relator? E tudo isso vai continuar sob sigilo? Caramba, que país é esse, Francelino Pereira? É claro que se trata do país do corporativismo, do compadrio e do conchavo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Importantíssima matéria de Rubens Valente e Mario Cesar Carvalho, dois grandes repórteres da Folha. Mostra que o Senado vai aprovar a indicação de um ministro que está sob risco de ser investigado pelo tribunal do qual fará parte. E se a Procuradoria pedir a investigação sobre ele e o sistema de distribuição do Supremo sortear Moraes como relator? E tudo isso vai continuar sob sigilo? Caramba, que país é esse, Francelino Pereira? É claro que se trata do país do corporativismo, do compadrio e do conchavo. (C.N.)
21 de fevereiro de 2017
postado por m.americo
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