A Comissão de Ética da Presidência (CEP) abriu processo contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, depois que ele admitiu nomeação de ministros em troca de votos no Congresso. A partir desta segunda-feira, Padilha terá um mês para prestar esclarecimentos. Em palestra a funcionários da Caixa no último dia 9, ele disse que o governo queria nomear um ministro técnico para a Saúde, mas acatou a indicação do PP, que em troca prometia fidelidade ao Planalto em votações.
— Quando começou a montagem do governo diziam “Não, mas nós vamos, queremos nomear só ministros distinguidos na sua profissão em todo o Brasil, reconhecidos, os chamados notáveis”. Aí nós ensaiamos uma conversa de convidar um médico famoso em São Paulo, até se propagou, ele ia ser o ministro da Saúde — declarou Padilha à época, em alusão ao médico Raul Cutait, que foi considerado um “notável” cotado para administrar o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios. Mas o ministro escolhido foi o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
ACERTO COM O PP — “Aí nós fomos conversar com o PP. “Olha, o Ministério da Saúde é de vocês, mas nós gostaríamos de ter um ministro da Saúde”. Depois eles mandaram um recado por mim: “Não, diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros”. Eu fui lá falei com o presidente: “Nós não temos alternativa” — completou o chefe da Casa Civil.
A Comissão de Ética da Presidência abriu o processo contra Padilha após denúncia da liderança do PT na Câmara. O colegiado tem caráter consultivo, e a punição máxima é a recomendação de exoneração. O ministro da Casa Civil terá um mês para prestar esclarecimentos à CEP.
“ABSOLUTAMENTE NORMAL” – Depois da divulgação do aúdio, Padilha afirmou que é “absolutamente normal” que, num presidencialismo de coalizão, o PMDB garanta apoios em partidos da base aliada em troca de participação no governo. Ele disse que “todos os partidos” trabalham dessa forma.
— Todos os governos que fazem composição com vários partidos colocam a participação de outros partidos no governo. Foi o que nós fizemos, o PMDB sozinho não iria governar. Aliás, a história política brasileira depois da reabertura democrática tem mostrado que o presidencialismo é de coalizão, vários partidos sempre vão apoiar o governo e com isso eles têm participação no governo, o que é mais do que normal, absolutamente normal — destacou Padilha.
Perguntado se valia até mesmo indicar para a pasta um nome sem experiência no assunto, o ministro garantiu acreditar que os partidos da base indiquem gestores que conhecem a máquina pública. “Quem é gestor publico, quem já passou por vários estamentos da estrutura pública… eu fui prefeito, secretário, ministro, por certo que em tese conheço bem como funciona a máquina do estado. Nós esperávamos e esperamos que todos aqueles partidos aliados da base também indiquem pessoas que tem essa mesma qualificação” — explicou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Padilha responde a processos por improbidade administrativa e crimes ambientais visando a enriquecimento ilícito, entre outras acusações, denúncias e citações. Em igual situação, qualquer ministro já teria sido afastado. Por muito menos, Romero Jucá, Fabiano Silveira, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima deixaram o Ministério. A presença de Padilha no governo demonstra que o presidente Michel Temer não é melhor nem pior do que ele – os dois são rigorosamente iguais. Padilha é indemissível, irremovível e imexível.(C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Padilha responde a processos por improbidade administrativa e crimes ambientais visando a enriquecimento ilícito, entre outras acusações, denúncias e citações. Em igual situação, qualquer ministro já teria sido afastado. Por muito menos, Romero Jucá, Fabiano Silveira, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima deixaram o Ministério. A presença de Padilha no governo demonstra que o presidente Michel Temer não é melhor nem pior do que ele – os dois são rigorosamente iguais. Padilha é indemissível, irremovível e imexível.(C.N.)
21 de fevereiro de 2017
Eduardo Barretto
O Globo
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