"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

POLÍTICA,COMO JORNALISMO, É UMA AÇÃO FIRME E FORTE EM TORNO DE IDÉIAS CLARAS



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Charge da Lila, reprodução do Arquivo Google












Exceto a palavra jornalismo, a frase original foi do presidente Charles De Gaulle, respondendo, em 1968, a uma crítica de Jean Paul Sartre. Política – acrescentou – é algo extremamente complexo, mas todas as suas formulações têm que ser claras. Política não é filosofia. Acrescento eu: o substantivo é essencial, o adjetivo é apenas uma forma de tocar a realidade. Sem conteúdo, as afirmações políticas perdem-se no espaço, que, no fundo, fica vazio de ideias e compromissos.
Escrevo este artigo após ler no O Estado de São Paulo uma reportagem de Gilberto Amêndola destacando a atuação de jornalista, poeta e praticante de Aikido, arte marcial que prega o princípio da não violência. Mas o trabalho de Olga Crado num cenário chamado media training, mostra uma forma do político reconhecer a si mesmo, verificar o efeito do que afirma, e, no objetivo final, saber lidar com a imprensa e, portanto, com a opinião pública.
Isso porque – na minha opinião – não há forma de se chegar à opinião pública sem os jornais, as emissoras de TV e rádio e os sites desse sistema fantástico chamado Internet. Dentro desta realidade, a “media training” não cria situações concretas, depende de seu aproveitamento e transporte pelos meios de comunicação.
FORMA DE CONVENCER – Existem empresas de publicidade que utilizam a “media training” com forma de convencer seus clientes. Neste ponto não estou me referindo ao trabalho exercido por Olga Curado. E sim a certas empresas que, inspiradas em técnicas publicitárias, confundem a publicidade com o jornalismo. Esquecem a diferença essencial: o jornalismo é um teorema. A publicidade, um axioma.
O teorema precisa ser comprovado na prática, algo absolutamente concreto. O axioma é o contrário. Usado no campo comercial. Os anúncios comprovam a diferença básica. Para todas as lojas e supermercados, os produtos que vendem são os melhores, os preços são menores, as condições apresentam-se mais vantajosas. Maneira de seduzir e conduzir o público pelo caminho livre da fantasia. Como decidir num panorama e que cada um se apresenta à frente de todos? Eis a pergunta fundamental. O esforço comercial é firmar a marca sem discutir o conteúdo da mensagem.
E O QUE IMPORTA? – Mas os órgãos públicos, entre eles as empresas estatais, não disputam espaços comerciais entre si. A imagem simples da marca não importa. O que importa é sua capacidade e realização de adjetivações. A imagem do governo Michel Temer é fraca, porque carece de ações concretas de legítimo interesse coletivo.
As ruas serão eternamente fundamentais. “Media training” não resolve nada. Publicidade paga na área política, tampouco. É jogar dinheiro fora. O que funciona na comunicação é o jornalismo gratuito, consequência e reflexo de peso das matérias que ele transporta (e analisa) para a população.
Os lances e apelos do comércio não se coadunam com os trabalhos estatais. Se alguns pensam que podem transformar a comunicação governamental em um axioma estão enganados e se enganando também.
Olga Curado tem seu método. Entre seus clientes, revelou a Gilberto Amêndola, há acusados pela Operação Lava-Jato. Deve fazer com que conheçam a si mesmo. É o suficiente.

28 de novembro de 2016
Pedro do Coutto

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