"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

EX-MINISTRO ACUSA TEMER DE SUGERIR UMA "CHICANA" PARA LIBERAR A OBRA EM SALVADOR


Resultado de imagem para marcelo calero no fantastico
Calero disse que o Planalto armou campanha para difamá-lo
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em entrevista ao “Fantástico” que o presidente Michel Temer sugeriu que ele usasse “um artifício, uma chicana” para resolver o problema do veto do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico, a um prédio de 32 andares em Salvador (BA), sobre o qual o ex-ministro Geddel Vieira Lima tinha interesses e um apartamento de R$ 2,6 milhões. O órgão só permite prédios de até 12 andares na área. Chicana é uma “manobra de má fé”, “trapaça” ou “fraude”, segundo o “Dicionário Aulete”.
Como o edifício havia sido vetado pelo patrimônio histórico federal, Temer sugeriu ao ex-ministro da Cultura que encaminha o caso para a AGU (Advocacia Geral da União), que poderia solucionar o que o presidente chama de divergência entre dois ministros.
Professores de direito dizem que o ato de Geddel pode caracterizar o crime chamado de advocacia administrativa, que ocorre quando um funcionário público defende interesses privados junto ao governo.
GEDDEL E PADILHA – As pressões relatadas por Calero foram reveladas pela Folha. Ele contou em entrevista ao jornal que sofrera pressões de dois dos mais importantes ministros de Temer para reverter o veto do prédio em Salvador: de Geddel, que ocupava a secretaria de Governo e se demitiu no última sexta-feira (25), e do chefe da Casa Civil, o ministro Eliseu Padilha.Na avaliação de professores, Padilha também é suspeito é ter cometido o crime de advocacia administrativa
Calero rebateu a versão de que teria gravado o presidente no Palácio do Planalto, mas afirmou ter registrado o que chamou de uma “conversa burocrática” por telefone. “Não sou leviano”, afirmou, citando sua formação de diplomata. “Tem de ser leal, mas não cúmplice”.
Já sobre Geddel e Padilha, ele foi evasivo: disse que não poderia informar se gravou as conversas com os ministros para não atrapalhar as investigações que a Polícia Federal faz sobre o caso.
CAMPANHA DIFAMATÓRIA – Na visão de Calero, a versão de que ele teria gravado Temer no gabinete presidencial foi disseminada por aqueles que têm interesse em desviar o foco do verdadeiro problema, que seria a defesa feita por dois ministros de interesses privados. Ele tratou a acusação como uma “campanha difamatória” contra ele.
O ex-ministro afirmou que o que mais lhe chamou a atenção no episódio foi que “altas autoridades da República perdiam seu tempo com um assunto paroquial, de interesse particular”.
TERMO INADEQUADO – Márcio de Freitas, secretário de Comunicação do governo Temer, disse à Folha que a acusação de que o presidente sugeriu uma chicana “é uma inverdade e um termo inadequado”. Segundo ele, a sugestão de que a divergência entre órgãos do governo fosse resolvida pela AGU é absolutamente regular e está prevista em lei.
Temer tratou da crise gerada por Geddel na entrevista coletiva concedeu neste domingo (27) em Brasília. Repetiu que considera o episódio um simples conflito entre ministros e disse que considerava “indigno” e “gravíssimo” um ministro gravar o presidente.
A AGU disse ao “Fantástico” que não fez nada de irregular no episódio, já que uma de suas funções é resolver conflitos e divergências entre órgãos governamentais.
Padilha e Geddel não quiseram se manifestar sobre a entrevista.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O mais interessante da entrevista foi Temer se jactar de que sabe fazer com que um ministro peça demissão, ao invés de ser demitido. Com isso, confirmou a análise feita aqui na “Tribuna da Internet” de que o presidente estava deixando Geddel apodrecer para se livrar dele. E a mesma estratégica ele está adotando com Padilha, que está sendo marginalizado e em breve também estará fora do governo, levando seus assessores  Gustavo Rocha (Assuntos Jurídicos Casa Civil), que também pressionou para liberar a obra em Salvador, e Márcio de Freitas (Imprensa), que armou as campanhas difamatórias contra Medina Osório e Marcelo Calero. Só então  será encerrado o governo dos caciques do PMDB e começará realmente o governo Temer. (C.N.)

28 de novembro de 2016
Deu na Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário