"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 29 de outubro de 2016

NA REUNIÃO DO ITAMARATY, O "CHEFETE DE POLÍCIA" SE REBAIXA E ESTENDE A MÃO A RENAN

Alexandre de Moraes fez questão de cumprimentar Renan

A reunião com os chefes dos três Poderes sobre segurança começou por volta das 11h30, no Palácio do Itamaraty, nesta sexta-feira. Logo no início do encontro, um pacto federativo pela segurança pública foi assinado. A reunião é a primeira após troca pública de farpas entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, depois de operação da Polícia Federal na última sexta-feira que teve como alvos policiais legislativos no Senado.

Além do presidente Michel Temer, Renan e Cármen, estão no encontro Rodrigo Maia, presidente da Câmara; Rodrigo Janot, procurador-geral da República; Alexandre de Moraes, ministro da Justiça; Raul Jungmann, ministro da Defesa; Leandro Daiello, diretor da Polícia Federal; José Serra, ministro das Relações Exteriores; Claudio Lamachia, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil; e comandantes militares.

Por causa de um protesto de policiais civis contra o governador Rodrigo Rollemberg na frente do Itamaraty, a reunião teve de mudar de sala. O assunto oficial era sobre segurança, principalmente nas fronteiras.

A CRISE – Um dia depois de o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a Operação Métis, em que a Polícia Federal prendeu quatro servidores do Senado, a animosidade baixou entre Renan, Cármen e Moraes. Durante a semana, Renan atacou Moraes – chamado de “chefete de polícia” -, a quem a PF é subordinada, e classificou como “juizeco” o magistrado que decretou as prisões. Ele disse ainda que foi usado um expediente “fascista” na operação. Na terça-feira, Cármen Lúcia “exigiu” respeito do senador.

Nesta quinta-feira, o presidente Michel Temer convocou a imprensa para minimizar desentendimentos e falar que há “harmonia” entre os Poderes. Desde a última segunda-feira, houve tentativas de reunir Cármen Lúcia e Renan Calheiros para conversar. Em um encontro marcado para quarta-feira, a presidente do STF alegou agenda cheia.

Ainda nesta quinta-feira, quando Renan comemorava a decisão do STF, cinco juízes de Minas, Pernambuco, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul protocolaram representação no Conselho de Ética da Casa pedindo que o peemedebista seja julgado por quebra de decoro parlamentar. A base da representação, segundo os juízes, que dizem pertencer ao grupo “Magistratura Independente”, é o fato de Renan ter chamado o juiz Vallisney Oliveira de “juizeco”.

A REUNIÃO – Esta foi a primeira de uma série de reuniões para discutir o aumento da criminalidade no país e buscar soluções para as vulnerabilidades nas fronteiras, por onde entram drogas e armas. As próximas serão com governadores e secretários de Segurança Pública dos estados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Conforme se previa, tratou-se de uma reunião inútil e improfícua. Os representantes dos três Poderes assinaram um pacto que não contém nenhuma medida de ordem prática. O grande destaque da reunião foi o ministro Alexandre de Moraes, chamado de “chefe de Polícia” por Renan, ter se dirigido à mesa, estendido a mão para cumprimentar o presidente do Senado. E ainda lhe deu um tapinha amistoso nas costas. Foi uma demonstração de falta de amor próprio (para não dizer falta de dignidade pessoal) que há muito tempo não se via no Ministério, depois que o então ministro Carlos Lupi bradou: “Dilma, eu te amo!”. É que já não se fazem mais juízes como antigamente. Às vezes aparece um Medina Osório, mas é raridade. (C.N.)



29 de outubro de 2016
Eduardo Barretto e André de Souza
O Globo

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